Exclusão

O termo “inclusão”, vem sido utilizado, inclusive por órgãos de educação, com intuito de demonstrar uma tentativa de solidariedade com os chamados desfavorecidos. Diversos avanços ocorreram recentemente. É fato que as escolas estão hoje em dia com suas portas ainda mais abertas, recebendo um público que adere ao sistema escolar, mais por uma imposição governamental do que por uma conscientização do ensino. Claro, que pessoas marginalizadas no processo de desenvolvimento educacional, não poderiam se sentir acolhidas, por órgãos que demonstraram uma distância em relação há suas realidades. O pobre, em geral, cresce a partir de sua força braçal, já que pode apenas contar com o serviço que sua condição física permite prestar. O fator intelectual, tem por hábito a associação com grupos dirigentes, que não costumam ser legítimos representantes dessas classes mais oprimidas.

Poderíamos tratar de diversos aspectos relacionados ao tema assim, mas o objetivo desse texto, é tratar dos denominados “deficientes”. Chamá-los de especiais não faz com que sejam menos discriminados. Hoje, pela legislação, empresas estão obrigadas a destinar cargos a pessoas que se encontram nessa categoria. A discriminação, a falta de sensibilidade em relação aos portadores de deficiência não é um fenômeno de agora. Observamos que muitos eram assassinados em culturas antigas e regimes como o nazismo, adotaram essas práticas. A sociedade mudou, as épocas passaram e a história está ara demonstrar que as coisas possuem seu prazo de validade. Hoje as pessoas estão mais solidárias e com uma consciência mais ampla a respeito disso. Ainda assim, é grande o número de agressões e diversos tipos de violência e desrespeito a estas pessoas, inclusive pelos próprios familiares.

Não adentrando o terreno dos motivos discriminatórios, iremos focar na chamada “inclusão” educacional. Quando pensamos em uma universidade, quando existem inclusive alunos que se dedicam a auxiliar, um deficiente visual por exemplo, com métodos em braile e todo um empenho docente para suprir qualquer carência física, não criando privilégios, mas fazendo com que o indivíduo se desenvolva por seus méritos, nos empolgamos. Mas existe um universo além do fato mencionado. A realidade das escolas públicas do Brasil é alarmante. Crianças são despejadas por pais despreparados ou despreocupados, fazendo com se torne um depósito de ineficientes. As escolas, sem condições apropriadas para atender esse público, seja por questões financeiras, o que envolve inclusive a logística e a falta de empenho do poder público, não conta com corpo docente qualificado para amparar esse fenômeno.

Chamo esse novo procedimento adotado de “exclusão”. Segue o que manda a legislação, com lei sancionada, que é cumprida de qualquer maneira. Já que é preciso incluir, apenas são deixados os alunos nas escolas. O ensino destas crianças é gravemente prejudicado, acabam sendo privilegiadas por sua condição, o que não faz com que possam desenvolver suas capacidades e sentirem-se capazes. Pais despreparados, deixam seus filhos sem qualquer amparo, inclusive medicamentoso, em muitos casos. A falta de recursos faz com que famílias não possam dispor de tratamento adequado, em que centro especializados poderiam ter um encaminhamento mais eficaz. Torna-se um efeito bola de neve, que irá repercutir no futuro, já que esse déficit, fará com que os excluídos sejam empurrados dentro do sistema educacional, até o momento em que serão liberados e marginalizados na sociedade, já que a falta dessa formação, não permitirá por exemplo, uma especialização para adquirir um cargo almejado.

Até quando teremos medidas que desejam apenas cumprir protocolos mas que possuem efeitos catastróficos? Os índices de analfabetismo decrescem, porque os que analfabetismo funcional estão atingindo picos inimagináveis. As políticas são de aparência imediata, quando sabemos, ainda mais em relação a educação, que uma boa estruturação exige tempo, por envolver questões complexas. As escolas estão se tornando depósitos de excluídos, cheias de cérebros vazios de conteúdo. O sistema de aprovação automática mais uma vez faz com que possam atingir índices de aprovação, mas os resultados de concursos e projetos avaliativos demonstram o enfraquecimento educacional. Mesmo os sistemas avaliativos, muitas vezes são mascarados, por conta de interesses financeiros, como é o caso de universidades que vendem diplomas e escolas que procuram burlar os gráficos, com intuito de receberem suas bonificações por desempenho. Por fim, podemos observar que estamos cada vez mais incluídos nessa grande exclusão.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 15/06/2013
Código do texto: T4343338
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.