Bote Salva-pequenos.
Seres diminutos de tamanho e idade mas grandes de sonhos e pureza.
Crianças só deveriam ser crianças e o mundo adulto as protegeriam sempre contra o quê ou quem as impedissem de viver o que são.
Mas nem sempre é assim.
É triste presenciar crianças normais tendo que usar remédios para a proteção de suas mentes contra um meio social que não sabe as acolher.
Na falta da proteção pelo amor e família, só as restam a proteção química como bote salva-vidas do mar contaminado de suas vivências.
Ao mesmo tempo é feliz presenciar que na ausência de cajados familiares e sociais, a medicina pode interferir nos pequenos fazendo do quase fim,um bom começo.
Que bom quando os cuidadores em saúde chegam primeiro que as drogas ilícitas ou distúrbios psiquiátricos mais profundos, embora muitas vezes os pequenos já serem resgatados tão danificados...mas não tão perdidos que não possam ser recuperados.
Do tudo, aprendi a ter a paciência típica de quem sabe que os melhores resultados em saúde são gradativos.
Observei que o sucesso é relativo: posso atender um paciente de graça e ser paga com o sorriso mais valioso do mundo.
Percebi que ninguém pode ser digno de pena, por pior que seja o seu quadro clínico: o melhor é que seja digo de orações,esperança e atenção.
E eles voltam na semana ou mês seguinte.
Lembram de você e te chamam de doutora, embora tu não passes de uma mera estudante.
Mais calmos, mais sociáveis, mais sorridentes e menos agressivos.
Eles sabem que tem problemas, mas não estão mais sozinhos.
A empatia ocorreu. E você ganha o dia.
Vem um nó na garganta, um sorriso óbvio no rosto e a certeza de que todos os sacrifícios feitos até hoje e os que vierem são totalmente recompensáveis.
"O que se faz agora com as crianças é o que elas farão depois com a sociedade."
( Karl Mannheim )