Segredos
Entenda que o amor que sinto representa meu ideário de romantismo. Faço-me poeta para declamar formosuras de seu feitio. Seus traços marcantes alucinam a visão periférica de um homem singelo, que procura aventurar-se cordialmente nas entrelinhas desta paixão. E, decerto, num momento auge, as carícias trocadas farão de nós amantes. Quão magistral viver esta oportunidade que se dá, e se não fosse os amores outrora perdidos, este a qualquer instante se poria findo, acabado. Perco-me dentre à imaginação fértil e aflorada, que cria situações inexistentes a satisfazer cada extensão mínima de meus caprichos. Encontro nos detalhes do romance o agora para estar feliz, pois o amanhã nasce incerto. As qualidades que visualizo tenho-as impregnadas em meu ser, e os defeitos, amiúde, como aceitação de uma condição humana. Entre os dedos, seus cabelos escorregadios. Lisos. Uma mulher carente de amor. A cada suave contato, de seu corpo ao meu, a cada respiração ofegante ao meu ouvido, surge-me um turbilhão de ideias. E se fosse... Ó donzela. Sua fragilidade corrompe-me. Em meus braços a sinto entregue a meu verídico amor. És tão aconchegante num abraço, num afago, és tão ingênua no deleite. Inalar seus perfumes trás à tona o que se desprende de mim. Exalas uma ousadia de mulher instintiva, exalas o bom gosto dos aromas. O que se desprende de mim torna-se incontrolável, um vício, incontestável... O que se desprende de ti uma cura para meu vício angustiante, e só assim a calmaria dos sentimentos volta a reinar. Ó donzela mata as minhas vontades.