Breves Considerações.
Que as pessoas tem medo da verdade, sabe-se bem. Mas que tudo que é bizarro, atormentador, sinistro e vilento desperta delas a atenção, sabe-se melhor ainda. Elas não procuram pelo terror, mas diante dele, raramente hesitam em descobri-lo; dificilmente o brasileiro vai preferir os telejornais às novelas ou outros lixos televisivos, porém, se por uma desventura qualquer estiver diante de um, lhe tomará a atenção a notícia que for mais escabrosa. A partir daí, caberiam muitas reflexões, mas não vem ao caso. Fato é que, apesar deste intrigante detalhe, sempre foi dado mais palco às doces mentiras do que às cruéis realidades.
Flagrei-me pensando sobre o assunto ao ler a lista dos cem poemas mais lidos nos últimos sete dias aqui, no Recanto das Letras. De longe, lideravam o ranking os que versavam sobre amor e amizade. Não vi nenhum da temática “loucura”, “tristeza” ou semelhantes.
Eu não falo muito sobre o amor. Até porque, para mim, o amor nada mais é que o momento eufórico-criativo do meu instinto poético, que cria musos tão inexistentes quanto o propósito supostamente lírico da obra. E a respeito do sentimento “amor”, o creio completamente fantasiado e mal-vestido na sociedade atual. Mas isto também não vem ao caso...
Não é porque sou uma poetisa (acho esta palavra feia e esquisita, mas é o termo) - ou melhor, dizem que sou - que fala exatamente de tudo o que vocês não gostam de ouvir, que vou ser tacanha ao ponto de criticar e de dizer que acho medíocre esta inclinação para o que é “belo”, embora eu realmente ache. E aqui faço uma breve observação no que tange à palavra “belo”, haja vista que a grande maioria do que é considerado bonito, para mim não só não o é, como é também ridículo. Mais ridículo ainda eu acho a facilidade que se tem em se determinar, para que todos aceitem, beleza e feiúra. Ninguém come o que detesta porque um cheff disse que é delicioso, nem usa uma cor que não suporta em suas vestes; mas idolatram cicranos porque disseram, alguém, que ele é o máximo, e lindo!
Enfim, eu não consigo chegar nunca a uma conclusão... Mas é como disse Nietzsche: alguns homens já nascem póstumos... Por vezes, creio que, comigo, isto se deu exatamente ao contrário! Quem sabe, um dia, as cabeças pensantes contaminem o planeta, e as demais se deem por conta da desgraça que é o mundo. Enquanto eu escrevo estas linhas num notebook, aquecida nas minhas cobertas e bem protegida (ao menos dos males físicos), lá na África uma menina com a idade mesma minha morre de fome; enquanto vocês aclamam suas musas vulgares e sujas, muitas mulheres provam do nefasto ácido diabólico de um estupro, e ela poderia ser sua filha, com perdão por uma observação tão tosca, um aforismo tão chulo, mas é a ironia das verdades...
É, tudo é irônico. Por isso que sou irônica, fria (já ganhei este adjetivo, gentilmente, penso) e sarcástica. Não chego ao niilismo, penso e sinto demais pra isto; mas estou à beira...