O Mário Atrás do [Ar]Mário
Interessante a expressão "o mário que te pegou atrás do armário".
Primeiramente devemos explorar do lado da própria linguagem expressa, onde existe uma analogia de nomenclatura, pois a diferença entre "mário" e "armário" seria o elemento "ar". E o ar é essa coisa etéra, que remete muitas vezes a certo misticismo, pois o sentimos sem necessáriamente enxergá-lo.
Dessa forma, o Mário, aquele sujeito escondido, expõe um lado nosso ocultado, que todos temos e que pressupõe uma hora ser desvendado, ou se auto-desvendar, pois essa figura inconsciente se esconde naquela arquétipo enclausurante de pesadelos, como o "monstro do armário", são figuras do campo onírico prontos a emergir e engolir nossa racionalização.
E o Mário está lá, pronto a nos encontrar, ele vai nos foder, sem sombra de dúvida, pois seu estupro é de ordem velada, nos encontramos com ele mas não revelamos, sabemos de sua presença, o que significa já termos encontrado-a mem outra ocasião, daí o temor.
Assim, essa relação que se tornou um clichê social de pilhéria, aproxima-nos de nosso próprios conflitos, sendo que quando alguém nos diz sobre ele, no fundo temos aquele temor de sermos descobertos, nessa cópula nefasta de caráter estéril, nós fazemos questão de interrompê-la, é nosso inccubus mais íntimo.
Na verdade compartilhamos do prazer de sermos fodidos por ele, pois é sempre uma foda misteriosa, algo que fica longe dos olhares profanos dos que desconhecem nosso íntimo, nos preservamos dessa exposição coital, mantemos essa relação que depende de uma figura abstrata para representar um temor verdadeiro, e reproduzimos sempre o temor, tendo como rebento o terror e sempre que lembrados no clichê, é o horror que vem à mente, passamos pelos estágios dessa angústia a cada vez que reagimos com nossa fingida risada sobre a piada, sendo que ela esconde o escárnio de si, o estupro que a vítima nunca confessa, porque constrange, porque compartilha desse prazer estuprado.