Do livro IV : UNICÓRNIOS" (No prelo)

Assim como cada autor tem seu jeito peculiar de escrever, meu "eu" poético manifesta-se de conformidade com a minha natureza um pouco libertária, livre das amarras das convenções em que evito as rimas premeditadas, os versos engessados, seja em número ou na contagem das sílabas. Não dispenso o ritmo e para mim o "poieon" é o que caracteriza a harmonia em cujo conteúdo se manifesta propriamente a poesia. Já foi dito que poesia não tem serventia e há quem menospreze sua importância. Se assim fosse, estaríamos privados, por analogia, do canto, da música, da pintura e de todas as manifestações artísticas de gênero humano.

Só o ser humano faz arte, portanto, arte é uma forma peculiar do "homem". Pragmáticos, presos ao dia-a-dia, dispensaríamos a imaginação que é o motor da civilização. Como Prometeu, nos deixaríamos ficar acorrentados no Cáucaso, sentindo nossas entranhas serem devoradas pela águia de Zeus, o vingador por termos "roubado" o fogo do "céu" para distribuí-lo a todos. Ao subtrair o "fogo sagrado", Prometeu deificou-nos com sua audácia.

O sentido da poesia está contido em seu conteúdo capaz de transcender o uso da palavra, elevando-a do prosaico da palavra falada para o sublime da palavra falante, pensada, transcendental, que revela a natureza humana. A poesia é a manifestação mais genuína do ser humano, capaz de, com inspiração, elevar-nos a um patamar supra-real para valorizar-nos como seres superiores.

permiano colodi
Enviado por permiano colodi em 02/04/2011
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