forma de agir.
conversando, você me disse ao telefone. o que houve. a sua voz aponta tristeza.
muitas vezes em inúmeras circunstâncias escuto esta frase. escuto também sobre meu olhar.
escuto sobre mim. escuto sobre meu agir e como deveria agir, senão da forma que eu consigo?
fico aos meus quarenta e um anos analisando o meu redor e procuro entender qual a forma ideal de se agir. existe?
evidentemente, somos seres criados para a interação. somos criados para a troca. somos criados para tentarmos ao menos viver o BEM.
mas ideologia e para muitos utopia à parte, fico me ponderando e não consigo entender como é o jeito esperado de se agir.
não é sendo honesto?
não é sendo sonhador? não é sendo emotivo?
não é buscando caminhar ao lado, ainda que distante?
não sei!?
um dos meus irmãos me chama a atenção e me diz que não tenho inteligência. que faço tudo, tudo errado.
uso preto sempre. e usar preto é um incomodo alheio.
e associam a tristeza. ou outros disturbios, mas nunca ao simples fato de que gosto intensamente desta cor. simples assim.
mas gostar demais. ser demais. desejar demais. agir com a intensidade que se consegue. e se esta é demais, é meio estranho aos olhos. é incomodo mesmo.
sabe, estou a cada dia tentando encontrar um lugar ao sol, mas vejo que pareço transparecer sombras, por mais franco e sincero que procure ser e de forma mais honesta que procure agir.
e o sol se vai rápido. na penumbra, criam-se figuras disformes que dão margem a diversas interpretações, menos a que de fato é.
ou será que simplesmente são fechadas as cortinas, para que o olhar acabe sempre meio turvo?
não tenho respostas.
eu não sei se existe uma forma padrão de se agir. de se fazer palatável.
mas se fazer palatável parece não ser nada bom. parece algo que tentar induzir, estimular o outro através de artifícios.
e sinceramente não conseguirei ser plástico e artificial. ainda que corra o risco de não parecer ter algo significativo a oferecer.
ainda que meu sabor seja insípido ao outro, ou a fragância que eu exale não corresponda mais aos modismos. mesmo estando aquém à vibe que rola, por que trair a minha forma honesta de agir?
por que mascarar o eu que possuo?
não sei se existirá para todos nesta vida um lugar ao sol.
parece para conseguir isto, necessário preencher alguns pré-requisitos.
mas espero que ainda haja a opção de se ir para o outro lado, procurar quem sabe outro sol. ou que este esteja a brilhar em outro momento, em outras pairagens. e que nestas caiba a espontânea forma de agir. forma que seja a sua, a minha, a nossa pura.
e que estas formas de se agir, procurem a troca, a interação.
forma esta de agir cadenciada pelo puro amor.
amor este que anda de fato muito em desuso. que é muito mal interpretado e escurraçado.
espero que encontre a sua verdadeira forma de agir.
daqui eu sigo com a minha, que nem sei mais qual é, diante de tantos questionamentos que me são apresentados. que nem sei se cabe mais à realidade, diante de tantos tombos.
mas agir este, que insiste em me tornar apenas alguém do bem.
paulo jo santo
29/03/2011 - 23h19