Caminhos da Matemática

É isso aí, somos humanos, somos gente... engatinhamos num mágico processo de evolução e avançamos numa velocidade meteórica, rumo a um futuro incerto, insano...

Bípedes alados, não nos contentamos com terra firme. Quisemos o mar, o espaço e o universo...

Desde o princípio sempre fomos audaciosos... o nosso corpo precisava falar mais que os outros corpos.Talvez por nos sabermos frágeis, precisávamos forjar soberania, incitando visível distinção dos outros animais.

Na pré-história, quando éramos pré-homens, paleolíticos, predadores, nômades... já percorríamos o ideário da sobrevivência ensaiando um requisito, um requinte genuinamente humano pois, caçar, coletar alimentos, viver em bandos não nos diferia dos outros animais... Precisávamos criar imagens, linguagens, símbolos e alquimia para garantir a sobrevivência e evolução da nossa espécie... Nasceu daí a necessidade de contar, de mensurar.

Descortinava-se o advento de uma nova era. Inventamos o fogo, produzimos nossos instrumentos, fomos nos organizando melhor,começamos a plantar,a criar animais, inventamos o calendário,espiamos os fenômenos do céu e da Mãe Natureza... Construímos nossas casas...

Nascia conosco uma sapiência milenar, que caminhava ao compasso das nossas necessidades. Uma ciência que interagia com as transformações que ocorreram e continuam a ocorrer na sociedade e em nós mesmos. “A Matemática”.

No desenfrear da evolução protagonizamos o rito de passagem para o período histórico.

No Egito, os progressos foram vultosos:- Criamos símbolos para representar quantidades, que nos possibilitavam representar os números até milhões, construímos pirâmides, templos, criamos o calendário de 365 dias, inventamos o relógio de sol e a balança, fundimos o cobre e o estanho...

O Poderoso e o Oprimido, o Senhor e o Escravo... O que manda e o que obedece... Junto com a Matemática e o caminhar do planeta, nós aprendemos e cultivamos este antagonismo pernicioso e voraz... Heranças perenes.

Em Roma, começamos a fazer Matemática usando símbolos mais práticos e eficientes, usávamos sete letras do alfabeto I,V,X,L,C,D,M...e se alguém se perguntar “Que bicho é esse meu Senhor!? Hum! alfabeto... letras que materializam as idéias, tornando-as quase palpáveis. Neste período o alfabeto foi criado, ocupando o espaço das pinturas naturalistas, pictóricas,ideográficas, democratizando a cultura e facilitando seu intercâmbio.

No Egito éramos práticos, na Grécia tornamo-nos lógicos, filósofos e sistematizamos os conhecimentos... Tales, Pitágoras, Aristóteles, Euclides... De dedução em dedução, fechando o edifício da Geometria, os pensadores seguiram o caminho das abstrações e a Matemática, era a ciência que mais avançava.

Em todos os cantos eclodiam idéias, sonhos, premissas, experimentações, metamorfoses.

No período de maior expansão árabe, alguns matemáticos desenvolveram o sistema de numeração arábico que começou na Índia, Mesopotâmia e Síria. O sistema decimal posicional que usamos em larga escala até hoje, com algumas alterações, representou para a aritmética, o que o alfabeto é para a escrita: a democratização.

A Matemática é a mais antiga das ciências, caminhou conosco, sofreu muitas rupturas e reformas.

A nossa atmosfera é transparente, rarefeita e podemos enxergar longe. Enxergamos o mundo. Nossa espécie se adapta por alteração do nosso próprio patrimônio genético e por alteração do nosso conhecimento. Assim evoluímos desenfreadamente. O ambiente e a cultura não existem isoladamente. Neste processo de Humanização, reconstruímos a cultura para nos adaptar ao ambiente. As etapas de evolução da Matemática devem ser aventadas às etapas de nossa própria evolução e quando assim percebemos a Matemática, sentimo-la, ligada há um espectro de outros conhecimentos decorrentes... A Matemática pulsa no nosso dia-a-dia, faz parte dos nossos caminhos, é filosofia. É objetiva sem se furtar da subjetividade que existe em seus intervalos.É arte... é conquista... é música.

Valéria Escobar

2006