O JULGAMENTO DA MORAL
Os julgamentos sofrem uma terrível injúria no mundo dos homens, quando agem com bocas e ouvidos apenas, pois sempre haverá a disputa hedonista, a fé egoísta e a prepotência irracional de um ser humano frente a outro, ignorando ou fingindo já saber quais são os piores juízos de seu mundo.
Deste mal o livro está livre, pois o culpado que o lê está destituido de todas essas doenças que se incubam nas relações humanas. Frente ao livro o ser humano se desnuda sem timidez alguma, expondo as piores virtudes, confrontando-se com os pensamentos mais perversos, e ouvindo com os melhores ouvidos.
Não que não valha o bom juízo provenientes dos homens, não se deve desperdiçar uma boa advertência, mas esses são tão mais falhos, tão mais pragmáticos e tão menos confiáveis que os próprios locutores.
O livro não é o machado sinistro do carrasco cruel, o mandamento sagrado da antiga crença, ou o conselho afetuoso do sábio progenitor, mas a toga que o homem veste para presidir o julgamento de si próprio.