Tempo Agostiniano
Me recordo de termos trabalhado em sala de aula um texto apresentado por nosso Professor Antonio Marcelo, na época era a disciplina Filosofia, 1º ano de História. Este texto era de autoria do Professor Fábio Correia, onde discorria sobre Santo Agostinho e aqui exponho a passagem que trata do Tempo:
"Existem pois estes três tempos na minha mente que não vejo em outra parte: lembrança presente das coisas passadas, visão presente das coisas presentes e esperança presente das coisas futuras. Se me é lícito empregar tais expressões, vejo então três tempos e confesso que são três." (Santo Agostinho)
Partindo desta premissa agostiniana pretendo fazer algumas indagações.
Primeiramente, sobre a lembrança presente das coisas passadas. Levando em consideração que estudos no campo ótico, puderam nos fornecer informações como a de que não podemos captar as coisas no exato instante que ocorrem, pois demora um brevíssimo período entre a recepção da luz, captação da retina e impulsos elétricos enviados ao cérebro. Temos então uma visão passada, ou como expõe Agostinho, uma lembrança, uma captação de memória fragmentada.
Mas vamos ao segundo ponto, visão presente das coisas presentes. Conforme expus acima, a visão presente é passada, pela ineficiência de apreensão da realidade manifesta. Logo, temos um presente passado. Claro que podemos nos aventurar pela diversidade temporal e chegar a conclusão que este também é uma ilusão, pelas diversas dimensões temporais que abrangem diversos instantes. O problema ainda persiste, sobre não termos uma visão presente, apenas uma busca por captar este instante que ao se perder, deixou resquícios de sua existência em nossa lembrança, o que nos remete mais uma vez ao primeiro ponto discutido.
Acontece, que ainda temos a esperança presente das coisas futuras. Neste ponto, cabe mais uma reflexão, pois ao não termos uma visão presente, ainda assim, ocorre a evidência da busca por ela ao perscrutar as lembranças. Assim, a esperança se faz presente como devir do ato presente perdido ao ser, mais captado como fato pela memória passada.
Reformulando o argumento agostiniano eu diria que "Temos uma Visão Passada (Não-Captada no instante em que é), uma Lembrança Futura (evidência do Presente Passado) e uma Esperança Presente (desejo de ser presente)."