O Infinito
Quando trabalhamos com tal absolutização temos uma confrontação daquilo que é à realidade de uma lógica do possível - assim como o ideal - extrapolando a possibilidade estende-se a uma meta extrapolante, ou seja, metafísica.
O infinito seria aquilo que ultrapassa o fim, ele está além do limite, ou faz inexistir em-si o limitado, ilimita-se.
Devemos nos ater a um fator interessante a respeito do infinito, pois ao determiná-lo como sendo o que é, estaremos limitando-o dentro de uma lógica concebível, pois passa a integrar uma esfera captada, sensível a percepção, logo, não-extrapolante.
O infinito é a finitude do que se pressuponha inconcebível, concebendo-se em uma meta lingüística e derivada de uma realidade racionalizante, facultando ao homem a possibilidade, ou a tentativa, de compreensão semiótica daquilo que apreende como simulação sensorial de sua realidade, ou derivativa da influência do que é sobre este que enquanto sendo, foge do extra-sentido, da anti-meta, ou metafísica, que seria uma antítese da realidade.
Captado o “in-finito”, possibilitamos perscrutar a evidência desta determinação enquanto meta concebível, distinguindo o campo imagético ao qual o homem se insere in loco, ou seja, articulando uma realidade sob a perspectiva geográfica de uma linguagem racionalizante.
O próprio homem, enquanto conceito, como bem demonstrou Michel Foucault em “As Palavras e as Coisas”, não passa de uma idéia que se formatou dentro de uma limitação neurolinguística, facultando ao indivíduo sua derrocada, tendo em vista que ao determinar o que é, condicionamos o sendo a uma concretude de si, aniquiliando o que extrapola tal idéia de ser.
Da mesma forma o infinito finda-se na própria idéia de infinitude, levando a morte da metafísica, ou melhor explicitando, o realismo da mesma que torna-se contradição, por excluir o ab aeterno e regimentar um intra muros lingüístico.
O signo torna-se meta em-si, criando uma lógica construtiva de hermêutica, onde um universo paralelo é criado, ocorrendo uma amálgama entre o possível e o ideal, facultando-nos um agir referenciado pelo a priori e o a posteriori, o que fomenta uma contradição entre abstrato e real.
A lógica de transmutação entre real e abstrato é auto-destrutiva, tendo como conclusão a destruição mútua, pelo fato de ambos deixarem de ser.
Entretanto, apresenta-se um diferencial dentro da logicidade aqui exposta, tendo em vista o ideal de extrapolar, ou metafísica proficiente, que remete-nos a outra perspectiva, pois concatena uma hermenêutica multifacetada, possível de uma dialética inversa, onde tese e antítese são articuladas em um prisma ambíguo.
Pensando na transmutação metafísica em que o infinito se finda nessa representação lógica-linguística-racionalizante, também será possível conceber o aniquilamento conceitual, extrapolando a linguagem, conforme expôs Jacques Derrida, pois assim como a linguagem com sua estruturação escriturária veio aniquilar a sonoridade falada, tornando o homem contemporâneo servo de uma semiótica linguística, é preciso destituir-se desta outra concepção imagética, matando-a enquanto sentido.
Daí a logicidade foucaultiana ao apresentar não apenas a evidência, mas a necessidade de findar o “homem”, da mesma forma como anterior a isso, Nietzsche anunciava a morte de Deus, já que como bem expôs Foucault, somente pode eternizar-se o que perece, pois estando vivo, tende a morrer.
Concluindo-se, que a morte da linguagem facultaria o infinito a transmutar-se em uma extrapolação da meta pré-consecutiva, atingindo um summu abstractu de retorno ao campo cognitivo não concretizado, revigorando uma metafísica proficiente que aniquila a linguagem enclausurante e revigora a idéia-idealizante ad infinitum.