(IN)CLASSIFICAÇÃO
É possível classificar uma pessoa?
As virtudes são como impressões digitais, e não se repetem em nenhum ser humano. É certo que tenhamos dado nomes à elas, como aproximações grosseiras. Grosseiras! O que não é apropriado à propriedades tão sutis e minunciosas, onde o menor erro de concepção pode iludir potencialmente uma opnião.
Essas virtudes não possuem divisões exatas. Possuem diferentes intensidades. Não um catálogo de cores, mas uma algaravia abstrata de um quadro surrealista. A obra-prima do pintor egoísta, em uma exposição individual e impenetrável.
Que grande erro seria dizer que uma alma se constitui de azul, vermelho e amarelo, ou aquela é uma mistura de roxo, branco e laranja, pois isso só nos daria a idéia de quais cores se espalham no quadro, mas não de seu incrível resultado.
Poderia eu descrever um quadro de Dali apenas pela sua constituição ou é, de fato, necessário que se o veja, e que se o viva para entendê-lo?
Esqueçam seus julgamentos.
A única classificação possível, mas raramente crível, é a própria.