Sem verdade Real
Poesia ritmada.
Endereçamentos e adereçamentos.
Invalidez (im)permanente.
Necessidade de permanência de liquidez.
Ausência de pontualidade.
Balcões.
Suor.
Choro.
Desentendimento.
Acusações.
Derrotas.
Recurso.
Recurso do Recurso.
Embargos do Recurso do Recurso.
Mais choro.
Indagações. Incertezas. Infinitos e repetitivos questionamentos com mesmos esclarecimentos.
Como é triste a vida daquele que vê no processo a esperança vã de alcançar o inatingível.
Como é lamentável a vida daquele que crê na Justiça como Instituição aplicadora da rigidez da lei.
Como é imperdoável viver sob os comandos dos ignorantes legisladores.
Como é impensável pertencer à massa.
E o mais árduo é reconhecer, relutante ao máximo, a impossibilidade de mover o sistema de forma "erga omnes", de forma que atinja a toda a sociedade, para fulcrar o seu bem estar, para justificar a sua operacionalidade e governabilidade.
Andam a passos separados demais a Justiça e o Direito.
Daquilo que parece belo indagar e aprofundar quanto a exegese da natureza jurídica e social do que é ou seja Justiça e do que é ou seja Direito, a verdade é que no campo da realidade tal distinção doutrinária fulmina por semear insegurança jurídica nas decisões, incertezas procedimentais, limbos e mais limbos processuais aguardando o melhor entendimento.
E enquanto isso, vidas deixam de ser lidas.
Porque não obstante seja função de cunho evidentemente estatal, o processo envolve a vida do cidadão.
É, portanto, também social.
E causa choro e causa desespero.
Ainda que tais premissas não estejam previstas em nenhum ordenamento jurídico, em nenhuma letra da lei.
Mas fazem parte da vida do cidadão. Que tem sua vida vinculada ao processo.
E enquanto o Foro e o Tribunal procedimentarem parte de sua vida, lá estará também o cidadão acompanhando e agonizando os tais ditames processuais de estilo.