Capítulo 3

A Dimensão Espiritual do Trabalho em Sala de Aula.



Estamos agora em nossa sala de aula, enfrentando todos os velhos e já conhecidos problemas: sala lotada, crianças carentes, alunos de várias idades agrupados na mesma turma, pais superprotetores que reclamam de tudo, pais ausentes que nunca aparecem nas reuniões, crianças apáticas, crianças hiperativas...

O primeiro passo é olhar de frente toda essa nossa realidade, conscientes de que não será possível modificá-la rapidamente, pois faz parte de uma estrutura social maior, na qual estamos todos inseridos: a mudança está acontecendo, sim, mas aos poucos, tão lentamente que não chegamos a perceber.

Então vem a pergunta: o que podemos fazer nós, professores, no nosso estreito círculo de ação, para auxiliar o desenvolvimento desses pequenos seres barulhentos que nos colocaram nas mãos?

Em primeiro lugar, não podemos perder de vista, em nenhum momento, a dimensão espiritual do nosso trabalho: lembrar constantemente que temos à nossa frente seres humanos em desenvolvimento, passando por experiências e ansiando para serem reconhecidos como tal.
Esse ponto é muito importante, porque essa consciência é a chave para que mudanças comecem a acontecer.
À medida que invocamos nossa própria consciência e à medida que fazemos a ligação com a consciência de nossos alunos, imediatamente uma força superior começa a se manifestar.

Não pense que isso é complicado, que é só para “espiritualistas”, que é preciso ser treinado em meditações ou quaisquer proezas metafísicas.
Pelo contrário, é um processo tão natural quanto a vida: basta a lembrança, o pensamento e a vontade de que esta ligação ocorra e ela já estará ocorrendo.

É importante que as crianças sejam informadas a respeito de sua consciência interior, não importando a religião ou crença de suas famílias.
Vamos sempre fazer comparações com coisas conhecidas pela criança, como por exemplo, o sol, a energia elétrica, o combustível, o motor, a pilha, a bateria.
É vital que elas saibam que cada um de nós possui uma pequena luz interior, uma inteligência ansiando para se manifestar e se expandir.

Essa atitude de consciência cria imediatamente uma noção de respeito e ética dentro da sala de aula: somos todos iguais, mesmo nas nossas diferenças, dignos de atenção e aprovação; o professor é um facilitador do conhecimento e da abertura da inteligência e muitas vezes aprende com seus alunos.
Essa humildade é importante, pois coloca a todos numa posição de responsabilidade perante a escola e o saber.

Logo de início é desejável que sejam estabelecidas regras de conduta na sala de aula, e que sejam discutidas e aprovadas por toda a turma, mesmo que sejam alunos pequenos das séries iniciais: todos nós temos, instintivamente, noção dos direitos e deveres.

Essas atitudes são conquistas que não se conseguem num passe de mágica, mas com certeza dia a dia irão se concretizando se forem mantidas a intenções verdadeiras e a persistência nas práticas diárias.

Uma boa sugestão é sempre dar início aos trabalhos do dia fazendo uma afirmação positiva, em voz alta, com todos os alunos:

“Tenho dentro de mim uma Luz que me protege e me ajuda a estudar e aprender com facilidade em todos os momentos."


continua...

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Malu Thana Moraes
Enviado por Malu Thana Moraes em 14/09/2009
Reeditado em 26/05/2010
Código do texto: T1809022
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