O SEQUESTRO DO SANTO SUDÁRIO

Dom Ambrósio Salvatore, bispo metropolitano da diocese da Cidade de Aparecida do Norte, demonstrava visível cansaço e abatimento. Padre Hipólito, seu secretário particular, preocupado, lhe recomendava: - Arcebispo, desde que ficou confirmada a vinda do Santo Padre a Aparecida, que o senhor não está dormindo o suficiente nem se alimentando adequadamente. Por que o senhor não tira uns dois dias para relaxamento? O Arcebispo levantou seus olhos cansados dos papeis que examinava, fitou o secretário recriminando-o pela sugestão e nada disse. Padre Hipólito continuou: - Sei que o senhor não aprova o que recomendo, mas não há motivos para tenta preocupação. Todos os preparativos estão prontos e agora só nos resta esperar a chegada do Papa Nicolau V. Dom Salvatore afastou os papeis que estavam à sua frente e, com a expressão sisuda, persistiu no seu mutismo. - O que o desassossega tanto, Arcebispo? O Arcebispo se levantou da imponente ca-deira, caminhou até a janela e ficou observando a montagem do palco no gigantesco estacionamento da Basílica de Aparecida, onde o Papa Nicolau rezaria a missa campal para mais de quinhentas mil pessoas. Vendo que o Arcebispo estava por demais in-trospectivo, resolveu deixá-lo a sós. Quando se preparava para sair, Salvatore exclamou: CONTINUA..... É o Santo Sudário, Padre Hipólito! - O Santo Sudário, senhor! Posso saber o por-quê da sua preocupação?