HIDROPOESIA ESTÉTICA OU GÁRGULA AUTOBIOGRÁFICA

Por que a poesia, para além de ser lida, não pode ser apreciada com a mesma condição que se preza quando estamos diante de uma pintura de Malangatana? Pincel e esferográfica, tela e uma folha em branco, tinta e palavras, não podem aqui se verem, de repente, assaltados pela necessidade de estabelecerem uma troca de papéis? Quantos sentidos são convocados num «Parto literário» dotado de uma expressividade contígua ao que podemos chamar de «Telas poéticas»? Sejam quais forem as respostas que possam assomar a tarefa de atenderem as inquietações de C. C. Cossa, o facto é que «Hidropoesia Estética ou Gárgula Autobiográfica», tem as páginas pintadas por palavras que se casam como se tivessem nascido juntas, levando o leitor a invocar a possibilidade de começar a ver a poesia com outros olhos, do mesmo modo que Walt Whitman fez com os «12 poemas e um prefácio que mudaram o mundo da literatura», na primeira edição da célebre obra «Leaves of Grass».