Fragmentos de Pessoa
A gente lê Pessoa
e pensa em descrevê-lo:
pegar na meada e no novelo
e, se não encontra pontas, retorcê-lo;
ousar até pensar esquecê-lo
ou desfazê-lo em pedaços por Lisboa…
mas não resulta coisa boa
por se tratar de Pessoa.
A gente, por ser pessoa,
nunca pensa em como sê-lo,
julga sempre percebê-lo,
por papel, destino e selo:
mas quer eu, tu ou Pessoa,
quer no Porto ou em Lisboa...
somos só
as pontinhas do novelo.
tripeiras e alfacinhas
bem atadinhas com zelo
vai de juntar as pontinhas
para enredar mais o novelo