CRIADOR OU CRIATURA?
Quando eu acabo de compor, nem sei quem sou.
Eu que vinha escrevendo sem parar,
Eu que não ligava nem um pouco pro azar,
De repente me confundo com meu verso,
Não sabendo o errado ou o certo.
Ana Maria Carvalho
Assim, com a indiferença permeando o meu ser,
Trago nas vísceras as lembranças mais queridas
Das minhas letras pensantes nos momentos vividos,
Em que a plena paz insurgia e a inspiração aflorava!
E hoje, entre penumbras tristes,
Os meus olhos taciturnos não possuem mais lágrimas.
Antenor Rosalino
Seca de lágrimas e vestida de palavras,
Já não sou quem eu disse que era.
Sou, quem sabe, uma sombra que passou
Para um poeta qualquer..., uma doce quimera!
Por isso pergunto:
De quem são os versos meus?
De quem eu roubei a inspiração?
Ou, se eu sou a própria criatura,
Quem me compôs então?
Ana Maria Carvalho
Revestindo a cada dia
Das palavras que palpitam em minhas entranhas,
Vou seguindo a minha sina
Entre veredas tristonhas!
As indagações são tantas...
O meu futuro é incerto, atemoriza!
Já não procuro ocultar o meu viver de fantasias
Em que as ilusões do ocaso
Transformaram os meus sonhos
Na incógnita do meu mundo
E minhas inspirações inebriam
As tardes azuis do outono.
Antenor Rosalino