As minhas ilusões - Florbela Espanca e Ilusões?Ainda as terei? - Giovânia Correia

As minhas ilusões

Florbela Espanca

Hora sagrada dum entardecer

De Outono, à beira-mar, cor de safira,

Soa no ar uma invisível lira...

O sol é um doente a enlanguescer...

A vaga estende os braços a suster,

Numa dor de revolta cheia de ira,

A doirada cabeça que delira

Num último suspiro, a estremecer!

O sol morreu...e veste luto o mar...

E eu vejo a urna de oiro, a balouçar,

À flor das ondas, num lençol de espuma.

As minhas Ilusões, doce tesoiro,

Também as vi levar em uma urna de oiro,

No mar da Vida, assim...uma por uma...

Ilusões?Ainda as terei?

Giovânia Correia

Hora dispersa, bem outonal.

Nada pra mim é cativante.

Entregue,tudo é tão formal.

Estou num viver angustiante.

O vazio se estende ao redor.

O sofrer vai me dilacerando.

Será que ainda vai ficar pior?

Pois fico aqui só chorando.

Florbela, a esmo estamos.

Nos versos talvez achamos.

Uma maneira de desabafar.

Ilusões?Ainda as terei?

Nada mais eu sou ou sei.

Começo de novo a chorar...

Giovânia Correia e Florbela Espanca
Enviado por Giovânia Correia em 09/04/2013
Reeditado em 09/04/2013
Código do texto: T4231696
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.