O céu nublado não anuvia
O céu nublado não anuvia,
insigne canção dos pássaros,
célere afago nas manhãs frias.
Em meio a destoantes barulhos de carros,
e vozes de gente...
percorre majestosamente,
tenra melodia.
Além do céu nublado ora plúmbeo e pesado,
diante dum instante de insight,
o mistério de ser da canção dos pássaros
reluz a impossibilidade da paz.
Luz e trevas criam a mais tenra harmonia
em meio a esta selva dourada de pedra,
donde o caos é sempre companhia.
Murmúrios alarmados que aludiam,
o dispersar de sonhos pacatos daqueles que dormiam,
encobertos pelo negrume funesto do silêncio,
e tranquilidade...
ah, agora doce ilusão...
as figuras oníricas,
eram apenas rabiscos esquecidos no tempo...
O Deus da Noite novamente abandona o covil.
Fora do tempo, fora do espaço
a sombra guarda uma multidão servil.
Escribas são jogos julgados;
a saída de nome desconhecido seduz.
Refúgio dos sábios do escuro nascidos;
são brilhos de um tempo perdido.
Que se desprendem como coloridas matizes,
no lúgubre do vazio que ornamentam as cores cinzas,
do concreto...
para que possam voar,
voar...
novamente despertos.