NAMORO DE ANTANHO
Sílvia Mota
À janela da donzela habitava tanto sonho,
pois antevia nas ruas muito ardor e emoção!
Somente ela sabia, somente ela sentia, quão bisonho
e sedutor era o delírio escondido num canto do coração...
Rosto rúbio, bem formosa, baton vermelho na boca,
corpete justo à cintura de rendas feitas a mão,
espreitava todo dia vestido cobrindo a pernoca,
o moço do terno branco – a saudar - chapéu na mão!
Olhavam prá todo lado certificando-se, então,
se o pai feroz, ciumento, não assistiria ao enlevo
de quem recebe do amado, tal qual numa aparição,
a rosa vermelha, prenúncio de um pecado em relevo...
Promessa de se casar sanava qualquer pensamento,
mas beijar, somente em sonho... e se soubessem sonhar!
De tudo - só permitido - de mãos dadas caminhar!
Ai! Só pura e pura emoção! Nem de longe o advento
do “Ficar”, furor de boca, do agarrar, sentir tesão!
Fetiche era engrandecer o sonho vivido ao portão!
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Cabo Frio, 16 de outubro de 2009 – 22h41
NAMORO DOS VELHOS TEMPOS
Marcial Salaverry
Naquele tempo d'antanho,
para uma linda mulher cortejar,
era preciso com jeito se aproximar,
docemente sua mão beijar,
sem deixar o olhar desviar...
E mostrando sinceridade no olhar,
olho no olho encarar,
e seu amor insinuar,
com um ligeiro piscar...
Quando beijava a mão,
abalava o coração...
os lábios, deixava-se
fazer um leve roçar,
era o que se permitia...
Depois, enlaçando-a pela cintura,
e levando-a pelo salão,
olhando-a com ternura...
E então, acompanhando o som do bolero,
pelo salão a deslizar,
e com o amor sonhar...
Com os olhos fechados,
permitia-se um roçar de lábios
no lóbulo da orelha...
palavras de amor murmurando,
Assim se conseguia conquistar,
fazer uma namorada se apaixonar...
Saudosos tempos que não voltam jamais...
Quanto a "ficar",
ficava-se apenas de mãos dadas a namorar...