Amélia de Oliveira e Giovânia Correia
Soneto
Amélia de Oliveira
Não te peço a ventura desejada,
Nem os sonhos que outrora tu me deste,
Nem a santa alegria que puseste
Nessa doce esperança, já passada.
O futuro de amor que prometeste
Não te peço! Minha alma angustiada
Já te não pede, do impossível, nada,
Já te não lembra aquilo que esqueceste!
Nesta mágoa sorvida, ocultamente,
Nesta saudade atroz que me deixaste,
Neste pranto, que choro ainda por ti,
Nada te peço! Nada! Tão-somente
Peço-te agora a paz que me roubaste,
Peço-te agora a vida que perdi!
Soneto
Giovãnia Correia
Já nem mesma peço teu olhar.
Pois já não tenho esse direito.
Apenas vou viver a recordar.
E te guardar aqui em meu peito.
Juras? Sei que esquecidas serão.
Lágrimas? Serão companheiras.
Das horas frias e de ingratidão.
Que se mostram tão sorrateiras.
Não esqueça que ainda te amo.
Que em minha solidão te chamo.
Pois você é o unico que eu amei.
Fico em meu silêncio angustiante.
Pois eu te quero a todo instante.
Mas em minha dor já me prostei.
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Amélia de Oliveira
1865?-1945
Amélia de Oliveira foi a eterna noiva de Olavo Bilac, era irmã de seu amigo o poeta Alberto de Oliveira. Por certo, chegaram a ser noivos oficialmente mas, com a morte do pai dela, o irmão que assumia o posto de patriarca da família, impediu o noivado. Nenhum dos dois casou e continuaram trocando poemas de amor. Como o que está acima, que ela supostamente dedicou ao amado.
Fonte: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_de_janeiro/amelia_de_oliveira.html