O JARDIM DA ALVORADA
Quando falas de amor
Sinto a Rosa adormecer em teu olhar!
Esmaece a minha alma em sonhos
Na ternura dos beijos matinais!
As palavras soam docemente,
Como o eflúvio do poetizar das cascatas
E das cachoeiras em escarcéus
Magnetizando o mundo em tirolesas ao léu!
Os afagos da brisa fazem-me dormir,
Nos braços da borboleta sorridente
Que chega leve no aquarelar
Pincelando o jardim do meu olhar!
Sussurra a lagarta quase moça
Os besouros da alma despertam
Bendita manhã do agora
Gotejar do orvalho na aurora...
O fascínio do céu em esplendor
Faísca maravilhas num carrossel de passarinhos
Que felizes na alegria multicor,
Principiam garbosos, acrobáticas magias.
As gotículas remanescentes do alvor que se vai
Escoando as lavas desse amor sublimar,
São lágrimas esmaecidas dos meus olhos em sonhos,
Brincando com a luz do seu olhar.
Nada me fascina mais do que a retina
Que guarda a imagem da poesia
Luar vicejante, estado de torpor
Inaugura o amor que me inebria.
Das suas células líricas
Emerge incandescente olor de carmim
No jardim encantado da aurora
Que é nossa história dentro de mim.
(Júlia Rocha e Antenor Rosalino)