Na penumbra - Raimundo Correia e Penumbra... - Giovânia Correia

Eu era ainda uma adolescente quando conheci os teus versos,mesmo os parnasianos não sendo profundos, e sendo tão desiguais em suas poesias,você acabou me cativando.

E confesso, que viajei muito, e ainda viajo em teus preciosos versos.É como dizem "Correia",você soube condensar alegorias felizes em versos perfeitos e sugestivos.

Na penumbra

Raimundo Correia

Raiava, ao longe, em fogo a lua nova,

Lembras-te?... apenas reluzia a medo,

Na escuridão crepuscular da alcova

O diamante que ardia-te no dedo...

Nesse ambiente tépido, enervante,

Os meus desejos quentes, irritados,

Circulavam-te a carne palpitante,

Como um bando de lobos esfaimados...

Como que estava sobre nós suspensa

A pomba da volúpia; a treva densa

Do teu olhar tinha tamanho brilho!

E os teus seios que as roupas comprimiam,

Tanto sob elas, túmidos, batiam,

Que estalavam-te o flácido espartilho!

Penumbra...

Giovânia Correia

Na penumbra que está nos envolvendo.

E nossos desejos conseguem acender.

Vejo de cada poro seu e meu vertendo.

O amor que veio entre nós dois nascer.

Ah,meu amor a volúpia nos inebria.

Nos deixa em êxtase, e em ebulição.

E cada sonho, nosso querer irradia.

Nos leva até uma outra dimensão.

Fico entregue,venha em meu regaço.

Te cobrirei com um beijo e abraço.

Não consigo mais nessa espera ficar.

Sob essa penumbra nos entregaremos.

Juntos a lua e as estrelas sonharemos.

E o nosso amor iremos enfim eternizar.

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Raimundo da Mota de Azevedo Correia era filho do Desembargador José Mota de Azevedo Correia e de Maria Clara Vieira da Silva. Estudou no Rio de Janeiro, no Colégio Nacional, hoje Pedro 2o. Em 1877, matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, onde foi colega de Raul Pompéia e Afonso Celso, entre outros.

Estreou na literatura em 1879, com as poesias "Primeiros Sonhos". Em 83, publicou "Sinfonias", prefaciado por Machado de Assis. Nesse livro está seu soneto mais conhecido: "As pombas", o qual lhe valeu o epíteto de "o poeta das pombas", que ele detestava.

Recém-formado, voltou para o Rio de Janeiro, sendo nomeado promotor de justiça de São João da Barra e, em 1884, juiz municipal e de órfãos e ausentes em Vassouras. No mesmo ano casou-se com Mariana Sodré.

Em Vassouras, começou a publicar poesias e prosa no jornal "O Vassourense", do poeta, humanista e músico Lucindo Filho, sobre quem escreveu um ensaio. Em 1889, foi nomeado secretário da presidência da província do Rio de Janeiro. Após a proclamação da República, foi trabalhar como juiz de direito em São Gonçalo de Sapucaí (MG).

Nomeado diretor da Secretaria de Finanças de Ouro Preto (MG), também foi professor da Faculdade de Direito daquela cidade. No governo de Prudente de Morais (1897), foi segundo secretário da Legação do Brasil em Portugal, onde editou "Poesias", coletânea de sua obra, que teve quatro edições sucessivas e aumentadas.

Com o fim do cargo de segundo-secretário, o poeta voltou a ser juiz e passou a residir em Niterói (1899). Em 1900, foi morar no Rio de Janeiro, como juiz de vara cível, cargo em que permaneceu até 1911. Por motivos de saúde, partiu para Paris em busca de tratamento, onde faleceu.

Suas composições tratam de mitologia e de civilizações remotas ou extintas, ao gosto parnasiano. Soube condensar alegorias felizes nos versos perfeitos, sugestivos e com plasticidade. Mas era um poeta desigual e de falsa profundidade, também uma característica parnasiana.

Fonte:http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u612.jhtm

Giovânia Correia e Raimundo Correia
Enviado por Giovânia Correia em 31/05/2011
Reeditado em 25/04/2013
Código do texto: T3005963
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