DESABAFO
Pudera meu brado achar refúgio nos céus!
Avareza acua milhões na inanição.
Animais brutais! Escarnecem da multidão de crianças,
pequeninas, sucumbem na tumba da fome.
Meu coração derrete no lume da desolação.
Minhas lágrimas são puro sangue no anonimato,
secaram, extintas como os rios e lagos.
Meu palato recusa os sabores, aflito estou.
Espécies mas que depressa esvaecem do planeta.
Shakespeare! Blasfemou do amor na sua dramaturgia:
impondo paradigma
na efêmera dedicação de Romeu e Julieta,
o amor edifica, jamais se destrói.
Humanos emanam em coletiva letargia.
Pudera ecoar nos continentes
o grito do poeta descontente.
No toque descuidado de uma borboleta,
anseio a sintonia com o reino animal.
Na fragrância suave de uma flor,
ao beijá-la, desejo a simbiose com o domínio vegetal.
Sonhadores! Os poetas são loucos?
“Vós sois o sal que preserva a Terra.”
Jeovane Pereira