Distopia.
Tanta realeza priva o rei da realidade,
De tanta beleza, perde-se a princesa, em desregrada vaidade!
De tanta riqueza, não há mais no trono, sinal de nobreza…
E vai-se a majestade, no avançar da insanidade.
E toda avareza impede a alma ir-se ilesa,
Ao esvair-se a pureza, surge a vulnerabilidade,
Assim peleja o homem, a saciar-se de impurezas, nas turvas águas paradas das incertezas.
Tanta crueza a distar o rei da Caridade,
Quanto sacrifício a fartar vossa vasta mesa,
Quanta proeza a apagar-vos a aura da santidade,
Quantos caminhos largos vos remete à estreiteza?
Quantas luminárias acesas, a ocultar-vos a Verdade!
Castelos de areia construístes com destreza, no entanto perdestes, por outro lado, a inconteste e sacrossanta fortaleza.