Buzine, mas não Buline...

Inspiração:

Não tenho espírito de Escritor Maluquinho, senão, escreveria meus textos com uma panela cobrindo a cabeça e o cabo para trás, estilo boné. Nela, Eu prepararia me fartaria com a inspirada insanidade, alimento do qual todo escritor precisa

Bem, como não sou escritor e panela Eu não tenho, conformo-me em ferver os meus neurônios e passá-lo juntamente com o pó de café no coador das emoções; e ao invés de garrafa térmica, colocá-los no bule sem bico da razão.

Espero que o leitor conheça o utensílio citado; todavia, não tenha-o em casa.

Com licença Mesa, Xícaras, Sucos, Talheres e convivas, vou me ausentar. Tenho reunião marcada com a Água e o Vento; cuja finalidade é aprender ser, naturalmente, bipolar. No passado fui diagnosticado com Transtorno Bipolar; e os 110 e 220 torvelinhos nos quais Eu alimento os neuromoduladores de minha mente, é abismo aparentando vala rasa, diabo disfarçado de anjo de luz. Céu e inferno são separados por um fio de cabelo.

Quando minha mente está ligada à benevolência, sou vento. Vento leve minuano arrefecedor de calor nas faces, vento que dança entranhado nas folhas que formam as copas árvores. Felicidade bebericada em pequenos goles; tanto quanto, gargalhadas soltas em festa inesperada.

Em contrapartida, quando bate a tempestade e a chave 220 Dopaminérgica é acionada, sou tomado pelos ventos ciclones, sou tufão esvoaçante. Consciente ou não, arribo saias e vestidos. Redemoinho indomável que levanta telhados, desmonta sonhos, bota abaixo pináculos, descarga elétrica que torra. Torna elefante adulto, palito incinerado.

Não pense o leitor que é fácil ser vento ou água, ou ambos. Afirmo que não há mente que suporte dormir anjo, sonhar que é remanso, tremulando pequenas ondas sob ação de ventos e acordar diabo. Avassalador diabo, que cospe vespas e marimbondos.

Porém, não zombe do vento, do cortisol e da água que cada um traz em sua essência. Trocando a metáfora por sentenças curtas e diretas, não faça chacota das pernas alicate do cambeta, não ria entre os dentes dos óculos fundo de garrafa que cobrem os olhos tortos do zaroio, não ironize os pesados anéis adiposos carregados na cintura pelo obeso, das estrias que assinalam as marcas dos relâmpagos que flamejaram as duas nádegas de uma bunda, etc; pois a mente do zombeteiro nunca pensou e jamais saberá o calibre da arma que os ventos e o ciclo hidrológico guardam nas nuvens.

E quando a fúria bipolar dar mostra do mau humor causado pelas chacotas e zombarias, vespas, flores e maribondos sairão das entranhas do zombado e partirão para o ataque, exigindo que o zombeteiro cole o bico do bule, no qual buliram.

Transtorno Bipolar é barril de pólvora, alimentado por pavio curto. O palito de fósforo nem foi riscado e a palhoça, com mesas, talheres, cadeiras, panelas, xícaras, garrafas térmicas, perucas cabeludas e utensílios mais, foram incinerados.

Entretanto, o quase intocável bule sem bico mantém-se intacto. Estranho, isso, concordam!? A concordância está no fato que todos os buliçosos bulinam, mas ninguém liga, ninguém dá ouvidos para o bule; sem bico, menos ainda?

Buzine, mas não buline no bico do bule sem bico. Taí, uma vez que estou leve, suave, fase 110, digo com todas letras que curti tanto o título, que quando Eu casar, obviamente com uma bipolar, - bipolar com bipolar ou se entendem, ou explodem a casa - nossa filha chamará Buline no Bule sem Bico. Isso se uma panelada não cantar de galo em minha cabeça antes de registrarmos em Cartório e crismarmos a bebê na presença do Santo Padre :Pai, Filho e Espírito Santo, amém!...; de um bipolar pode-se esperar tudo, até amabilidade, fé em Deus e religiosidade.

Destarte, se acontecer d'Eu levar uma panelada na minha cabeça dura, o lado bom desse acontecimento, é que não morrerei escritor bipolar pagão.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 25/10/2023
Reeditado em 28/10/2023
Código do texto: T7916555
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