A arte de estar, sempre Consigo!

.. ou Anti-horário:

Sorte e feliz é o bêbado que caminha por todas as direções, rodopia em torno de si, vai para frente e volta de ré, no entanto nunca quis e nem quer saber para que sentido gira o mundo. Ademais, se não sabe para que lado, em que sentido gira o mundo, de movimento de rotação e translação, nunca ouvira falar...

Todavia, muitos dEles são sérios, responsáveis, autênticos e honestos, sem ser comprometidos com horários. Por mais bêbados vivendo nas nuvens e menos hipócritas / camaleões alterando a cor para se favorecerem, no mundo.

Em suas ações, o palhaço e o bêbado se parecem. Com as devidas diferenças entre os citados, está o perdido. Fácil notar que para quem está perdido, qualquer caminho leva ao destino; porém, humildemente, diz o provérbio que é melhor a união entre dois ou mais perdidos, que somente um vagando a esmo.

Deveras, a união faz a revolução.

Nuvens:

Mar algodoado,

Picos nevados,

Aliança de cores brancas.

A arte de estar bem, Consigo;

Enquanto o Sol esparrama seus raios e derrama o prateado sobre a superfície do lago, a bicuda canoa lambe as águas, deixando para trás um veio sulcado, revolto e borbulhante na água.

A força dos braços, o lépido movimento dos remos e a dança da embarcação, teatralizam a cena aquática. Realizado, o protagonista Canoeiro abre um espontâneo sorriso de canto a canto na boca e vez em sempre, suspira fundo e confidencia sua intimidade para o vento: "a conquista requer força física, disciplina mental e dedicação ao hábito de fazer, repetidamente; e nada mais. Respiro para viver, vivo para amar e re(a)mar-me".

E quando não há vento, o Canoeiro repete o "mantra do bem fazer" para o crepúsculo que se aproxima; que por sua vez, deseja-lhe uma excelente noite de sono suave e reparador. E não demora muito, ninados por uma noite lisonjeira, Canoeiro e crepúsculo encerram suas atividades no lago, em mais uma tarde.

Porém, sem jamais esquecer de sua inseparável amiga, o Canoeiro dá três tapinhas leves de despedida na bicuda Canoa; e levando na mente a certeza que amanhã à tarde a embarcação, o crepúsculo e Ele se enamoram, zarpa estrad'afora cantarolando.

"Um velho calção de banho

O dia pra vadiar,

Um mar que não tem tamanho,

E um arco-íris no ar" - Toquinho

Obviamente, cantarola canções que falem de canoas que enaltecem as águas, que principiem a paz do arrebol de fim tarde; pois no encontro dEle, consigo, rodeado por seus amáveis "amigos", diuturnamente, é não remar sua canoa em qualquer lago, em qualquer fim de tarde crepuscular.

Sentir-se bem, consigo; é o sublime teatro Solitude, no qual, a peça escrita e encenada à risca, dispensa solidão! Aliás, a solidão mantém distância, não se aproxima nem por um minuto, sequer; aclarando que viver, é melhor que sonhar. Clichê que todos sabem e comentam nas esquinas, igrejas, botecos e terapias em grupo, contudo, poucos dizem não às influencias e mergulham de cabeça e coração dentro de si, e assim praticar o "estar bem, plenamente bem, consigo," em totalidade.

Palhaço, ou bêbado, ou Perdido, uns remam na imensidão das águas do Mundo; enquanto que Canoeiros, ou Caminheiros, ou Penitentes, se perdem na imensidão de suas Essências.

No fim, a arte de remar e se perder, nada mais é, que a solidificação dos que sabem quem são; e uma vez que sabem quem são, encontram-si em si mesmos. E dispensam elogios e aplausos; pois estimulam-se com os remos, com os caminhos e gargalhadas que dividem com todos.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 30/09/2023
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