A arte de ser mais (ou menos) Eu
"Os mortos recebem mais flores do que os vivos porque o remorso é mais forte que a gratidão." Alguém escreveu.
Breve lapso de lucidez:
No buliçoso desconhecido, anonimato. Na escrita, revelação; e segue a carruagem sem rumo e endereço percorrendo o labirinto da Alameda Flores. Em cada parada, uma troca de pneu, uma bebericada de água na fonte dos prazeres, uma molhada nos pés, um olhar no vazio, um trago no improvável, um berro direcionado aos moucos: "ei, psiu! O que fazes aqui, sem lenço, vagando ao léu, sem responsabilidades com as flores, nas quais feito polinizador desrespeitoso, sugastes o delicioso néctar delas; sem compromissos com os relógios e calendários que assinalam vossas conquistas, bem como vossos escassos minutos, vamos, responda logo!?" E o meu subconsciente cala-se, emudece. Nesse derradeiro momento, sou Eu, por mim, mesmo. Ou sou o contrário, de ser o nada, que sempre fui? Em solo desértico, inocuidade é a cobertura vegetal.
Resumindo tudo, uma nova história para contar. Um novo alento que transcende e perfuma a alma. Sobretudo, por que viver no paraíso "do faz de conta", não permite insanidade todos segundos, toda hora, todos dias, todos meses...; a vida inteira. Livrar-se dos olhares caluniosos e ser livre por inteiro, é perigoso. Mexe, importuna o lado mesquinho daquele que diz ser "amigo". No plano material, tentam disfarçar de todas as maneiras, mas acabam mostrando por fora o que sentem por dentro. Gente é isso. Se pensas o contrário da "imagem e semelhança de Deus, volte ao parágrafo / prefácio do texto, até aqui lido - digo isso, porque respiramos a era do imediatismo, aliado à correria desmedida, então, pode ser que o leitor pare por aqui.
Pronto, conte-me sua história! Tenha um breve lapso de Lucidez, ou de insanidade; pois nascer e morrer, subir ou descer, tolice ou sapiência, tudo depende da ocasião, tudo depende do ângulo de visão, tudo é relativo.
E após encher-se de nada, contemplar o vazio, apreciar o invisível, encontrar as respostas das perguntas nunca feitas, embebedar em água corrente os planos escritos em papel manteiga; retirar ossos e no lugar, plantar flores, faça como Eu: volte ao paraíso da normalidade. Leve, levíssimo. Peso pena.
Viver a mesmice todos os dias, é fardo pesado para uma mente, só. À continuação, tire um tempo para você, ser você; e conhecerás a arte de "encher linguiça", artesania que só pode ser feita por uma mente, brilhantemente, desinflamada.
Quando não houver cemitérios, plantarei e cultivarei flores. Miríade de lindos e viçosos jardins, com flores transcendentes. Vívidas. Imortais. Por enquanto, semeemos cinzas e ossos mumificados em asilos caveirosos, pacificamente, silenciosos; e veremos nascer as indiferenças, destiladas por corações tórridos, adormecidos em peitos peludos. - escreveu Mutagambi