Nuances da Língua da Portuguesa

Estando Eu no shopping dos humildes - esclarecendo melhor: na feira, ambiente de caixeiros mercantilistas e nada de gravatas, saltos altos, ego e vaidade, ouço: "uma bacia, 7 reais". Interessado pela oferta, retirei as laranjas e os mamões que estavam dentro de duas delas, peguei as bacias e dei ao feirante uma cédula de 20 reais em pagamento do valor pedido por Ele

Retrucou, dizendo que não estava vendendo as bacias; e sim as laranjas e os mamões. Perguntei, "como não; foi o que dissestes"? E entregar "disse sim e Eu não disse, isso!", ficamos.

Como estamos envolvidos em um sistema dominado por classes, nos quais os iguais de mesma classe defendem os irmãos, os companheiros e trabalhadores de mesma classe, o feirante vizinho se meteu onde não foi chamado, dizendo: "será que o moço não têm brinquedo em casa, vindo brincar na feira"?

E Eu que, deveras não tenho brinquedo em casa e muito menos, faço parte de uma ou outra classe, mas como sou feito de ossos recobertos com rígidos músculos carnosos atirantados (não confunda atirantado com atarantado) brinco com as palavras do idioma português. Afinal, Deus criou os loucos e lançou-os no mundo para confundir os sábios. O mesmo fez com os anões fracos, os quais após fecundados e tornado-os caricaturas humanas, lançou-os no mundo para confundir os fortes gigantes. Atente-se o leitor que diante o exposto citado na Bíblia, ou seja, o dualismo entre os opostos, já havia sido criado por Deus muito antes das teorias abstratas de Maniqueu.

Posto isso, com ou sem brinquedo em casa, tanto Deus quanto Eu, não brincamos de oferecer uma coisa e de fato, vender outra; ainda que ambas façam parte do todo.

Contudo, Eu e Deus entendemos que existem deuses e um, apenas um diabo, muitos sábios e quase nada de loucos e para confundir, anêmica anímica Metonímia para todos os paladares, para todas as mentes, para todos os estúpidos e não menos, para todos os inteligentes sem diplomas.

E uma vez que citei a palavra quatro vezes, pergunto uma vez, somente: o que significa e para que serve Metonímia no cotidiano do leitor? Mas não vale responder que é para ir à feira comprar laranjas e mamões, ouvir o feirante oferecer bacia e quando efetuada a compra das bacias, receber laranjas e mamões. Lembrando que do verbo fez-se a palavra e da palavra, fez-se carne, nesse fortuito caso envolvendo comprador, vendedor, bacias e frutas, do erro de linguagem fez-se o certo.

Bem, venha do verbo ou do erro, responda o que quiseres...; pois em tempos de comunicação efêmeras (novamente: não confunda efêmeras, com esferas fêmeas) tudo, vale nada. O mais importante é ir à feira e não voltar com a bacia vazia; que convenhamos, é prenúncio de barriga vazia.

Apenas uma Hipérbole, um Pleonasmo e nada Mais:

Sem dizer, ao menos, obrigado, Ele comeu um prato de cuscuz e tomou uma xícara de café. Afoitamente, sôfrego, em poucas bocadas, repetiu. Lambeu os beiços.

Esperneou, vociferou ao saber que não tinha mais; o que em verdade, estava engavetado à sete chaves, para os demais.

Por volta das 4 horas da madrugada, o galo cantou e chegando ao curral, as vacas mugiram; contudo, o leite só seria disponibilizado para as crias (crias? entenda filhos) do Senhor da Fazenda.

Bondade não espontânea das vacas; opressão do patrão; gula do guloso e a difusa barafunda confusa do idioma em poucas linhas. E Eu, representante e protagonista do presente artigo, afirmo que para se fazer entendida, é mais que necessário desatar os nós da língua da Portuguesa. Caso não o faça a tempo, a Portuguesa poderá morrer. Destarte, no atestado de óbito, o motivo: "Morte por excesso de trocadilhos irônicos."

Deveras, esse idioma do(s) Português(es) enrola a língua e dá nó até em pingo d'água.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 21/06/2023
Reeditado em 21/06/2023
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