ANDANÇAS
Estou no limiar da meia idade, ultrapassei esse conceito, mas me sinto jovem... por vezes me assolam as vicissitudes e sinto-me velho, não sobreviverei ao 21, fato! Tomo as minhas decisões sempre pautando os desdobramentos e nunca ouço o curioso conselheiro envelhecido que habita em mim, - por demais reacionário, esse velho caquético!
Nas ruas todas as falas e todos os gritos eu os ouço! Gritam em mim também as pausas, entre um berro e um sussurro e esse silêncio de mentes barulhentas me ensurdecem.
Um homem às 11 passou por minha janela, deveria ter entre 30 e 40, suas calças jeans amarrotadas e sujas nos joelhos, camiseta regata, boné, chinelos, vendia algo, nem sei se produto ou se serviço, mas batia uma matraca como faziam os velhos leprosos no início dos 19 afugentando as pessoas por onde passavam, senti a vontade dos antigos, de sair correndo ou fechar portas e janelas, enfim lembrei-me que estou no 21, ao qual não sobreviverei!
Curvos sobre nós mesmos como os corvos sobre a carniça vão os tempos atuais, pares nessa caminhada cujo fim não queremos e a doença que trazemos e disseminamos, se desconhece a cura.
Vejo hoje que a chegada dessa linha sempre é oculta em parábolas e metáforas, estereotipada chegada que, ultrapassada não se retorna, prefiro jogos de amarelinha, do céu ao inferno e do inferno ao céu! Podemos trapacear nos jogos, só nos jogos! E por mais que tentemos ocultar a verdade o Tempo nos lembra e Tanatus nos sussurra em nossos surdos ouvidos
- Não há tempo para tudo o tempo Todo!