Não, Eu não abro mão...

Não, não abro de mão de pedalar uma bike, surrar a bunda sobre um selim. Chegar em algum lugar, o qual Eu conheço todos, nenhum vivente da localidade me conhece. Aí, de cima do coreto, eu berro: "cheguei aqui agora, vim tocado pelo vento. Trago na bagagem a liberdade de bem viver"!

Não, Eu não abro mão de escarnecer, cair, levantar, sorrir e chorar. A vida faz-se de inconstâncias e incertezas, afinal, certo mesmo é que o futuro é incerto.

Não, não abro mão de sentar num banco de praça, aberta para o largo de igreja; e ouvindo um bom, velho e embolorado rock and roll (Beggars Opera nos fones de ouvidos) confabular comigo mesmo, dizendo que apoderei da liberdade para reconhecer que sou parte de um sistema escravocrata. Consoante à época, a escravidão é imposta por neologismos e números, alterando portanto, as cores das raças.

Não, Eu não abro mão de vociferar aos quatro cantos que a minha espécie não deu e não dará certo; pois, em tenra raiz está o pronome possessivo "meu". E enquanto todo mundo quer e é dono de tudo, Eu emprestei algumas ínfimas coisas, as quais em uma ocasião qualquer, quem me emprestou, toma-as de volta. Sou filho da Natureza e a Natureza tudo dá e tudo toma. Por aqui, nada passa de ilusão efêmera.

Não, Eu não abro mão de ser vagabundo assumido. Contudo, vagabundo honesto. Afinal, por questão de caráter, se for a lavagem de um banheiro, cobrando ou não, amo o que você faço. Então, love what you do.

Embora tenho lido isso na camiseta de uma fulana, não, Eu não abro de ser um brasileiro alfabetizado no idioma português, e por isso, não canto mas escrevo em português. Contudo, faço parte de um povo que em se tratando de idioma, não abre mão, mas sim o rabo para os idiomas dos gringos.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 27/10/2022
Reeditado em 27/10/2022
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