Com o Megafone na Plataforma de Embarque
Estou preocupadíssimo. Minha Calopsita foi ao cabeleireiro e ao invés de aparar as unhas, cortou o penacho que tinha em cima da cabeça. Está horrível vê-la sem a originalidade, que lhe era tão peculiar. Como entretenimento, Ela ficava horas e horas em cima do poleiro, enrolando as quatro penas do extinto penacho. Entretia-se tanto ao fazer essa tarefa, que às vezes esquecia de comer e beber. Pelo que ouvi de meu veterinário, animais dessa espécie são carentes e emotivos; e não falta de atrativos que embalem os seus pensamentos, tornam-se agressivos, rebeldes, a ponto de bicar o corpo, levando-os ao autoflagelo.
Revirando alguns arquivos de minha memória, a Cabeleireira que destruiu a sua beleza, é a mesma que ao invés de aparar o rabo do meu galo, cortou as esporas. Na época, fiquei estressado, soltando fogo pelas ventas; pois, era um galo de estimação. Todos os domingos, botava Ele debaixo do sovaco e íamos para as rinhas. O bicho era valente, brigador, bom de bico e esporas; o que me gerava uns bons trocados. Se lembro-me bem, em 15 anos de lutas, perdemos, no máximo cinco vezes; sendo que em duas derrotas, o juiz foi imparcial. Para o leitor ter uma ideia, até em briga de galos, cuja nacionalidade dos contedores é brasileira, tem maracutaia.
Penso seriamente em contatar meu advogado para revelá-lo o ocorrido; e conforme for seu parecer, processar o cabeleireiro. Sabemos que para os homens de gravatas, pode haver falaciosas bravatas, mas causa perdida, jamais. Ademais, em meio ao arsenal de leis que é o nosso Código Civil, deve haver algum decreto ou Estatuto que oriente e regulamente casos, como o meu.
Bom dia! Sinto-me, imensamente grato pela leitura e empatia à mim dispensadas. Daqui à pouco estaremos unidos, assistindo o futebol na tv; em seguida, o "Faustão". Putz, um dos leitores acabou de me ligar, alertando-me que hoje é sexta-feira; e Faustão é nas tardes de domingão. Pena...; aliás, quem irá substitui-lo? Foi ventilado nos corredores que será Luciano Huck.
Valeu, valeu! O trem está chegando à estação. Tchau! Humm, lembrei-me agora dos documentos escritos e fotos ilustrativas do caso da Calopsita; mas vamos lá. Direito é direito; dever...; dever?
Fui...; caramba, e o megafone?! Em meio à essa multidão de formigas atarantas pelo prenúncio de chuva, quem me ouvirá? Lamentavelmente, arredios e desobedientes, não ficam em casa, nem sob reza brava, quanto mais sob decreto pandêmico.