Bem vindo Século XXII

Fora o poeta em erupção,

Porque mente, se suja, (se)mente e se não for larva, se lava;

Já disseram-me e comprovei tanta verdade, ocularmente,

Que meus olhos, minha mente e minha consciência, ainda que mentira,

jamais acreditarão que a mentira existe.

Achei um celular desses modernos; top de linha. Acompanhado com várias mentes, está denso, carregado, pesado. Tem até Jesus fazendo milagres e Pai de Santo atendendo, virtualmente.

Nunca pensei que chegaríamos ao ponto de encontrar celulares com mentes dentro, ligadas por uma miscelânea de artérias eletrônicas - sem sangue, lógica mente!

Parado no tempo, pergunto-me como uma mente, ousa perder muitas mentes. Por que essas mentes se deixaram influenciar por uma única mente?

Talvez seja porque amigo é como reprodução in vitro e ao invés de, calorosamente guardá-lo no lado esquerdo do peito, friamente anota seu nome e armazena sua mente em máquinas. Passado o tempo, de uma, apenas uma, faz-se muitas, reproduz-se mentes às bateladas.

Um dia hei de ser igual as iguais e irei perder-me, para uma desigual, achar. Faço questão que esse dia chegue logo, antes que Eu entre num celular e por lá, fique por tempo indeterminado. Como mente humana misântropa, que Eu não fique, sempre, um século atrasado na história da mente humana.

Que venha século XXII; mas oitenta anos, é tempo demais para não tornar-me obsoleta, depreciada e com isso, resistir a morte, antes. Melhor é permanecer quem sou e ficar onde e como estou; portanto, não venha, demore chegar século XXII.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 04/01/2021
Reeditado em 04/01/2021
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