Dedo nas prórpias feridas
Eu sempre imaginei como deveria ser escrever um discurso, e veja só, aqui estou. Discursos são interessantes, eles trazem uma carga de importância na sua natureza de o ser, porém, essa natureza sobrevive independente do seu discurso, mas não ligamos para isso, pois, discursos são palavras eleitas para dizer algo em um momento muito importante e, normalmente, em momentos de grandes feitos e futuros ganhos. Todavia, este não o será, este será o discurso que pressionarei as mais putrefatas feridas que eu conseguir encontrar e conseguir recitar.
Primeiramente, e não mais importante, o que estamos fazendo conosco mesmos? Digo, não como brasileiros ou seja lá qual coletivo nos ponha em grupo, mas como indivíduos. Será que olhando para nós mesmo sentimos orgulho de nós mesmos? Temos, em nosso interior, cada adjetivo que nos asserta para situações delicadas e que, muitas vezes, preferimos fingir não ver e acabar fugindo, deixando para trás, como se a distância ilusória do ignorar fosse criar distância real, apenas ignorando que isso acompanha-nos na linha temporal e está dentro de nós. Somos fúteis, sensíveis, egoístas, sórdidos, manipuladores e uma penca de outras categorias que são tão ruins quanto a outra que conseguiremos equiparar, mas, o que fazemos para melhorar isso?
E daqui começa o golpe que parte de nós para todo o resto, "fazemos de tudo para melhorar". Mas pense comigo, esse melhorar é realmente uma melhora? E se for uma melhora, é uma melhorar para o quê e para quem? Se estamos tão inseguros e rasos quanto a isso, será que estamos fazendo o que queremos fazer para melhorar ou apenas seguindo uma resultante de equações que está acima do nosso poder como indivíduo? Estas são perguntas que você encontra as mais diversas respostas, se quiserem um experimento, dou um minuto para vocês pensarem por só mesmo sobre qualquer resposta e, logo em seguida, perguntar alguém próximo sobre a resposta dele e você constatar o quão desequilibrados estamos.
[Um tempo de espera para o experimento. OBS: Vão haver pessoas que vão achar isso o maior desperdício da vida deles, apenas comprovando o que quer que seja da nossa individualidade latente.]
Otários! Acho que essa seria a melhor resposta que eu poderia encontrar para nos designar frente ao que quer que fosse. Nós nascemos cheios de coragem, cheios de vitalidade, dispostos a fazer o que quer seja, sempre buscando uma alternativa de contornar o que quer que esteja nos impedindo, apenas para chegar a um momento da vida que deixamos de ser impedidos pelas coisas externas e começamos a nos sabotar por livre e espontânea vontade. E nisso, começamos a nos perguntar o quão egoísta somos, então paramos de fazer muitas coisas com certa liberdade, inventando desculpas que nos faça ficar ali, parados e conformados. E tem maluco que chama isso de empatia.
Entendam! Somos sujeitos sociais, sim! Mas também somos sujeitos individuais! E não estou dizendo que pertencer a um lado ou ao outro é o correto, pertencer aos dois é o certo! Aqueles que se fecham e sobrem por si só, ganham o quê? Mais dinheiro, estabilidade financeira, produtos de melhor qualidade e grades nos portões de casa, segurança armada, medo de tudo que esteja na rua, um mundo cercado e uma horda de interesseiros querendo provar que está salvando o mundo melhor que o outro. Enquanto, aqueles que não conseguem subir ganham dores, repressão, refeições alternadas entre horários e dias, culpados e mais culpados, enquanto o mundo parece amplo e estão todos contra ele para deixar ele no lugar onde está e se aproveitando de si para poderem chegar ao topo.
Essas coisas são, para mim, engraçadas. Mas não engraçadas que me deixam rindo das coisas por serem idiotas, engraçadas porque me deixam odioso com o que está acontecendo. Criamos leis e regras que ditam o que temos que fazer, assim, paramos de nos regras e nos conduzir para o melhor para todos. Com nossa capacidade de contornar as coisas, aquela mesmo com a qual nascemos, buscamos formas de nos equilibrar entre atender o pedido e fazer o pouco que queremos, seja isso roubas, sossegar, corromper as pessoas, viajar, nos enganar, nos sentir felizes, esconder a verdade e expandir as mentiras... E por aí vai. Somos uma sociedade, somos indivíduos, somos um sistema, uma raça. Somos nós mesmos, somos um pouco do outros, somos o tudo e o nada. Choramos e rimos, nos apoiamos e nos derrubamos. Nos destruímos, nos salvamos. Arrancamos a vida do próximo, doamos nossos órgãos para salvar outros. Pensamos no melhor do desconhecidos, desprezamos alguns amigos e familiares. Destruímos e salvamos o mundo, pensamos em colonizar outros planetas. Já fomos a lua, não visitamos nossos avós e tios no asilo. Escutamos álbuns e shows, não queremos ouvir nossos pais e irmãos. Nos magoamos para tentar ser o melhor para o outro, ignoramos nossas vontades para não ser mal tratado. Tudo está errado, nada está certo. E não tem ninguém que pareça saber o que está fazendo. E nós vamos fazer o quê? Deixar como estar ou mudar?
Obrigado pela atenção.