Alcantilado Encantado
Resido onde a passarada gorjeia,
As serpentes vigiam o terreiro,
Os grilos ululam nas folhagens,
Os esquilos não param,
As minhocas não são iscas,
Os sapos martelam no brejo,
As vacas alimentam os filhotes,
O garrote manso espia,
O regato chia,
A onça bebe a água pura e cristalina,
O carro de boi é o meio de transporte,
As trilhas são as rodovias,
A lua cheia dorme espraiada no lago,
As estrelas são testemunhas,
As aves de rapina cumprem com o seu papel,
As fumacinhas nas chaminés é convite para o café,
As mesas fartas possuem quatro pés,
O soberano gogó do Galo carijó canta alto na aurora,
Os polinizadores semeiam e fabricam mel,
As Rosas e rosam desabrocham,
No peito do violeiro, a viola chora;
E geograficamente,
Nada chega.
E por nada chegar,
Nada acontece.
Aqui, nesse Desfiladeiro Alcantilado
O feio é belo,
E o belo espanta-se com o sonoro discurso:
"Sai pra lá bicho lindo.
Não apareça nesse território Encantado.
Tudo natural e nada superficial, aqui não tem a cultura de selfies e poetas declamando poesias prontas de Google.
Vai importunar os inteligentes em outros ecossistemas afamados"!
Como excelente visionário que é,
Tomou fôlego, molhou as palavras com um gole de água e prosseguiu o discurso:
"A falta de empatia, a soberba, o descaso com o que é coletivo, a ganância e a falta de solidariedade fazem empréstimos e não doações voluntárias; e uma hora ou outra, a fatura com juros e correções monetárias batem à porta de credores e endividados. Por sorte, as cobranças estão chegando em doses homeopáticas, porque quando resolverem liberá-las em doses cavalares, a diarreia é certa Chico Timbau, capoeirista, tocador de berimbau!"