Bento in Ventos

Uma Velha Canção Cotidiana

Bento in Ventos

No envelhecido banco da praça:

Inventaram uma tal de amizade, a qual um de lá, sabe-se onde e outros de cá, podem ter quantos amigos quiser: por exemplo mais de 1 mil. É pouco? 10 mil, então, está de bom tamanho? Terás. O pequeno detalhe é que nenhum amigo próximo que te ofereça 1 copo de água, ou 1 cafezinho quente ou frio, na casa dele.

Ser amigo de longe é fácil, difícil é ser amigo de perto, sentindo o bafo quente e as lamúrias que sai da boca do amigo.

- vamo, Bento, a muiê cabô de passa o café. Faça uma forcinha pra cruzá a rua e simbora, lá.

- dá a mão. Tô meio que trocano as pernas.

Na travessia da rua:

- inimigos assim, caro Vento, o meu vizinho é meu amigo mais próximo; e num duvido nada, em momentos de maiores necessidades, doença por exemplo, ele me socorrer.

Em casa

Eu não sei o que é amar. Falo, falo, falo nele, sei tudo sobre ele, mas juro que não amo ninguém. Não sei por que conforme o proposto pelo meio em que fui cuspido, fui depositado sem questionar, são empáticos sem amar; e amam sem ser empáticos! Pode isso, Bento?

- poder, não pode; conquanto não existe o amor, passa poder, compadre Vento!

- é muita doideira moderna pra 1 mente só...

No jardim

6h de uma manhã sem sol, porém de terra, folhagens e flores molhadas pela chuva serena, e o beija-flor batendo asas, parando no ar e exercitando o amor em plena operação. Salve os que produzem o mel, dispersam as sementes e polinizam a vida. Louvar, glorificar, fazer o bem e desejar o melhor para os todos os viventes do Planeta Terra, é amar alguém, sem saber quem.

De volta ao banco da praça

- se dedicar ao próximo de mente desprendida e coração terno - e não precisa ser irmão de sangue, nem que seja 1 minuto, isso sim é amor, isso sim é amar, cumpadre Vento!

- Éé, e quem faz isso, veio Bento?!

- pois então, o amor está perto, ao lado de quem ama; e o beija-flor acabou de dar o exemplo. E mais: sem cobrar 1 centavo, de bom grado e gratuitamente!

- Hummm! Tente convencer a minha espécie sobre o que vemos, falamos, refletimos e acima de tudo, praticamos e sopramos ao Vento.

- certo cumpadre Bento! Parabéns pela sua maneira de baforar o amor nos campos, nas flores, nos homens pequenos e grandes, no ar, nos solos de sal e salares. Tenho que ir, uma hora qualquer agente se encontra e senta para difundir o amor. Amor dado com apreço, é amor que vêm com a etiqueta da dor e esclarece o porquê do preço!

- Quem ama, sente o que o outro está sentindo. Tem uma velha canção cotidiana que chama isso de empatia; coisa que os espumantes pepsicólogos definem, contextualizam, conceituam, esmiuçam, mas não exercitam. By; e sabendo que não vim de longe para me enganar, rumo de volta para lá.

- lá vai o Vento, mund'adentro!

Se sobrar dinheiro, por favor, comunique-me. Tô numa desgraceira dos diabos. Bolsa família? Cortaram, os FdPs de meus filhos nem ir à escola querem. Só pensam em fumar 1 baseadinho e dormir até meio-dia. Aprenderam com o pai, espírito santo, amém! Mas olha, só me ajude com dinheiro se você pagar todas as suas contas; ainda mais agora, época de samba no pé e faturas na porta da geladeira. Tá nem, boa sorte e pense no que leu. Passar bem e evite praia, o sol está de foder. Saúde sem saúva.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 23/01/2020
Reeditado em 29/01/2020
Código do texto: T6848356
Classificação de conteúdo: seguro