HOMENAGEM AO REITOR
(Samuel da Mata)
Senhoras e senhores, e toda autoridade aqui presente, entre tantos sábios, coube a mim, o mais indouto, a difícil tarefa de descrever em versos a majestosa trajetória do professor Antônio Vidal do Nascimento.
Para análise de uma trajetória assim, é preciso tirar o paletó e descer, sem preconceito, ao chão, examinando o pó.
É lá que ficam de fato as grandes marcas da vida, dos que se identificam com os humildes e que lhes curam as feridas.
O pedestal é alto, mas prefiro examiná-lo em baixo, ver os pés do caminhante, do sapato a sola e o desgaste do salto. É ali que se separa a homenagem devida e a do aplauso falso.
Visto de cima, o ouro pode ser confundido com o latão reluzente, que colocado é em majetosos pedestais por políticos inconsequentes. Mas este jamais terá do povo a verdadeira admiração, pois não conhece da honra o ponto de fusão, e cai no esquecimento assim que muda a estação.
Os pés dos mestres têm cicatrizes bem definidas, de quem conhece as agruras e os espinhos da vida. Os cortes no orçamento, os projetos interrompidos por promessas falseadas. As metas quase sempre morrem a golpes de espada. Quantas joias são banidas para que rudes pedras ocupem a sala?
Mas isso é outra estória, importa dar a honra a quem a merece no momento, a quem faz da jornada seu próprio pódio e monumento. De quem os holofotes talvez só mostrem as clãs, mas as marcas na estrada serão sua glória no amanhã. Nosso caloroso aplauso ao doutor Antônio Vidal do Nascimento, a quem rendemos esta homenagem, com profundo respeito e reconhecimento.