DISCURSO DE FORMATURA (GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA)
Discurso de Formatura pronunciado na colação de grau da Turma de 2006 do curso de História do UNINORTE.
Orador: Eylan Manoel da Silva Lins
D I S C U R S O
Ilustríssimos professores e demais membros da mesa, estimados colegas formandos do curso de Licenciatura Plena em História, Turma 2006 do UNINORTE, senhoras e senhores, boa noite!
Hoje, nesta noite festiva de 15 de outubro, data que celebra o Dia do Professor, sinto-me profundamente honrado em representar, neste ato solene, esta plêiade de novos Historiadores e Professores de História. Assim, represento a unificação de nossas vozes por meio do compromisso e da responsabilidade que me foram confiados ao ser aclamado, por unanimidade, como Orador oficial desta turma.
A título de esclarecimento, é importante ressaltar que nos servimos do tradicional protocolo cerimonial e do bom senso para que, com palavras simples e concisas, pudéssemos expressar nossas emoções imbuídas de felicidade, gratidão e satisfação coletiva. Esses são os sentimentos que ora inundam nossos corações pelo regozijo proporcionado por este rito de obtenção da Graduação em uma das áreas mais relevantes da educação e da concepção do pensamento social, que é a História, e da Licenciatura Plena desta Ciência, na qual somos contemplados nesta comunhão festiva.
Platão afirmava que “grandes caminhadas começam com a decisão do primeiro passo”. Esta noite, senhoras e senhores, celebramos o resultado luminoso da decisão acertada de cada um de nós — formandos, amigos e familiares — que juntos, impulsionados pela vontade, demos esse primeiro passo. Foi uma escolha consciente para uma jornada desafiadora, marcada por anos de renúncia a momentos de convivência, pelo silêncio necessário como estratégia de sobrevivência, pelas noites insones e pelas madrugadas solitárias com os livros. Tudo isso se deve, sobretudo, ao nosso comprometimento com os estudos e com o futuro que estamos semeando no dia a dia.
Toda essa renúncia durante o curso superior, aliada à busca por novos conhecimentos, ao convívio com a pluralidade de pensamentos e à dedicação e o esmero de todos nós, resultou em um fervoroso trilhar de muitos passos significativos. De fato, concluímos uma maratona proficiente de aprendizado em nossas vidas! No entanto, estamos cientes de que ainda há muito a ser percorrido para o amadurecimento pessoal e profissional de cada um de nós.
Senhoras e senhores, ser Historiador/Professor de História — título que nos é concedido com honra pelo mérito desta graduação — exigirá de todos nós, além de competência técnica e comportamental, uma série de responsabilidades, uma enorme dedicação ao estudo contínuo e profundas reflexões constantes.
É, acima de tudo, ter uma concepção de mundo e vivê-la diariamente. É dar voz aos excluídos e a outros agentes sociais importantes, além de desmistificar e desconstruir os imaginários e as representações coletivas que se perpetuaram na historiografia tradicional ao longo do tempo. É saber dialogar com a interdisciplinaridade, respeitando suas fronteiras, e ser, como afirma Marc Bloch, historiador de primeira água e mentor de muitas gerações: um verdadeiro artesão da História.
Vale ressaltar que esse importante pensador é o autor que definiu a História como a “ciência dos homens, no tempo”, uma vez que seus estudos se concentram em homens e mulheres, suas produções e suas relações sociais, políticas, econômicas e culturais em um determinado contexto temporal. Assim, a História tem um grande propósito: cumprir sua função social, fazer emergir e dar voz aos subsumidos, às “verdades” que a sociedade deseja calar, além de combater preconceitos e abusos que se perpetuaram ao longo do tempo. E nós, professores, independentemente do campo de estudo, especialidades e abordagens com o qual nos identificamos, temos a convicção de que somos também responsáveis por essa missão.
Ser Historiador/Professor de História sempre exigirá de nós a convicção das responsabilidades que assumimos. Será necessário um constante caminhar em direção a novos horizontes em busca de conhecimento, promovendo o aprendizado e o ensino recíprocos, além da reformulação de paradigmas. Assim, estaremos sempre aptos a promover a esperança, despertar e manter o espírito crítico na sociedade.
Hoje, tanto na teoria quanto na prática, sabemos que estudar, interpretar e ensinar História não é tão fácil quanto parece. No entanto, também reconhecemos que é possível desenvolver e aplicar práticas pedagógicas adequadas aos novos tempos, atendendo nossos alunos — verdadeiros filhos de seu tempo — com métodos e conteúdos adaptados à nova geração, sem nos deixarmos levar por ingenuidades ou nostalgias.
Entretanto, a Universidade não nos forjou apenas os preceitos e as ferramentas necessárias para nos tornarmos profissionais na área que escolhemos. Ela cultivou e fortaleceu sentimentos nobres e convicções, aprimorou nossa visão crítica e delineou novos caminhos. Acima de tudo, reafirmou a ideia de que o conhecimento é uma forma incontestável de poder, uma armadura e uma espada contra os micropoderes que nos cercam e tentam silenciar nossa sociedade. Comungamos, portanto, com o pensamento de Michel Foucault, que afirma: “nem o poder é total, nem o saber é unilateral: onde há saber e poder, há resistência”. Essa resistência foi reafirmada por esta Academia em nossos sentimentos, através da revelação e construção do processo dinâmico do “saber”, que hoje se transforma em um dínamo da sociedade, um instrumento indelével contra a prepotência dos mais fortes e outros poderes. Agora, somos arautos responsáveis por garantir que a crença na justiça social, no respeito mútuo, no espírito crítico e na dignidade da pessoa humana guiem não apenas a prática de nossa profissão, mas também o bem comum da sociedade.
A título de conclusão, senhoras e senhores, resta-nos revelar a todos os presentes — queridos convidados, familiares, amigos, mestres e demais participantes — que hoje também é dia de compartilhar. Recebam, portanto, cada um de vocês, de forma simbólica, uma singela Menção Honrosa, que representa e chancela a nossa sincera gratidão a todos vocês, indiscutivelmente, agentes incondicionais de nossas próprias histórias.
Aos nossos pais, reafirmamos o amor e a amizade que juntos cultivamos, além do nosso mais sincero agradecimento. Aos pais e entes queridos que já partiram, recebam, envoltos na exaltação de suas memórias, nossas homenagens póstumas de infinita gratidão.
Aos Mestres que contribuíram não apenas como professores e amigos, mas também para o fortalecimento de valores universais, afirmamos nosso compromisso de multiplicá-los. A todos, oferecemos uma flor amarela como símbolo de carinho, apreço e gratidão.
Aos amigos, reafirmamos o que Aristóteles disse: “a amizade é, antes de tudo, uma virtude.” Portanto, recebam nosso carinho e o nosso mais sincero agradecimento.
À Comissão de Formatura — sob a liderança do jovem, pujante e talentoso professor Rodrigo Barbosa Froes, líder nato que não poupou esforços para organizar nossa festa de confraternização — expressamos nossos sinceros agradecimentos e reverências.
Agora é tomar posse do que é nosso. Que esta cerimônia de formatura não represente uma despedida em nossas vidas, mas sim a reafirmação do alto grau de responsabilidade que temos para conosco e para com a sociedade.
Enfim, despedimo-nos com um forte e caloroso abraço amazônico. Que Deus, o Grande Arquiteto do Universo, em sua infinita bondade, continue a nos abençoar, iluminando nossos caminhos para que possamos contribuir para um mundo melhor, mais justo e humano!
Muito Obrigado.
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