A PACIÊNCIA, UMA VIRTUDE ADMIRÁVEL
 

 
 
                              A paciência é um estado de espírito. É a virtude de todo ser animal que suporta com resignação os males físicos ou morais que lhes são causados pelos próprios semelhantes ou por outros de espécies diferentes. É a aceitação calma e passiva de tudo quanto acontece ao seu redor, mesmo que o moleste. O homem paciente se defende mas nunca revida as agressões, pois compreende a adversidade.
                              Sim. Entendo que a paciência é inerente a todos os animais, inclusive os Irracionais.
                              Refiro-me aos animais irracionais porque vejo com alegria e bons olhos a paciência e abnegação de alguns desses animais domésticos que são extremamente dóceis, úteis e servientes para conosco. Principalmente os cachorros e os cavalos.
                              O cachorro é sem dúvida nenhuma o melhor amigo do homem. Muito paciente e abnegado serve para nos acompanhar, nos guiar em alguns casos nos divertir com suas destrezas, peripécias e graça. Com muita astúcia e braveza, serve até para nos defender quando estamos em perigo.
                              Tem a rigor muita calma. O cachorro é capaz de esperar pelo seu dono por longos dias e meses. Conheço dentre tantos casos, um em que o cidadão faleceu e o seu cãozinho de estimação foi o aguardar ao lado do seu túmulo, de lá não se arredando por nada. Passou muitos anos alí esperando. De vez em quando uivava e latia alegre como se o estivesse vendo. Só saía  do local um pouco para procurar comida. Alimentava-se e voltava para o mesmo lugar.
                              Você tem na sua casa um cachorro, um gato ou outros animais. Trata-os com carinho e eles retribuem sempre.
                              Vais viajar e os deixa sem a alimentação adequada e necessária, claro, na maioria das vezes involuntariamente, pois tinhas previsão de voltar num dia e por conta de algum imprevisto prolongou por mais dias a tua ausência.
                              No teu retorno estes bichinhos estão te esperando com paciência, E mesmo tendo passado sede e fome te recebem de volta com aquela festa e muito carinho como se nada tivesse acontecido.
                              Infelizmente não é assim que nós seres humanos e racionais agimos. Em algumas vezes não aceitamos nem as explicações mais óbvias e plausíveis que os nossos cônjuges, irmãos, amigos e entes queridos nos dão.
                              Nos campos e cidades sertanistas os vaqueiros e trabalhadores rurais usam os seus cavalos para trabalhar duro nas lavouras, no comércio, nas estradas e até nas construções civis, fazendo-os carregar cargas pesadas de todas as espécies.    
                              Esses mesmos animais são também usados como meio de transportes. Levam os seus donos para todos os lados. Viajam com pessoas e objetos pesados no lombo por léguas afora.
                              Chegando ao local desejado, esses peões [vaqueiros], saem para fazer suas tarefas, suas compras ou divertirem-se em algum bar ou restaurante, tomando seus tradicionais aperitivos e deixam seus cavalos em algum lugar por horas. Às vezes durante dias. E esses animais os esperam pacientemente no mesmo local até que voltem. E os reconhecem imediatamente apenas com um assovio assim que os vê. Coisa extraordinária. Admirável abnegação.
                             Somos animais racionais porem muito impacientes. Alguns animais irracionais nos superam em muito nesses quesitos paciência e abnegação.
                              Vivemos constantemente afirmando: Perdi a paciência com fulano. Perdi a paciência com cicrano. Perdi a paciência naquele trabalho. Hoje perdi a paciência naquela maldita condução. Aquelas pessoas me fazem perder a paciência toda hora. E assim por diante.
                              Alguém neste mundo pode perder aquilo que não tem?
                              A pergunta que fiz na realidade já tem resposta. Apenas lembrei-me de uma pesquisa [reciclagem] íntima que fiz num dia desses entre eu e o meu coração.
                              Analisando os pros e contra durante este meu ciclo de vida aqui na Terra descobri que, embora sempre tenha lutado para manter-me calmo nos momentos mais difíceis, nem sempre eu fui paciente e resignado o suficiente para com as pessoas e adversidades. Em números redondos sou igual a quase todos. Nunca tive paciência.
                              Por isso acho muito engraçado aqueles que afirmam: “perdi a paciência com isso ou com aquilo”, “com essa ou com aquela pessoa”
                              Pois toda vida, conhecendo a minha fragilidade, meus vícios, imperfeições e defeitos, acho manifestamente impossível perdemos aquilo que não temos. Ou melhor, aquilo que nunca tivemos.
                              Tem pessoas inclusive mais engraçadas ainda que conseguem preceder a perca da paciência. É até o caso de lembrar-nos daquela frase de certo humorista. “ENGANA-ME QUE EU GOSTO”.                        
                              Já vi e ouvi centenas delas dizendo à outras: Vou perder a paciência com fulano. Estou perdendo a paciência com o meu chefe. Estou perdendo a paciência com a minha mulher ou com o meu marido. Eu ainda vou perder a paciência com aquela pessoa lá no escritório.
                              Corrijam-me se estiver errado. Acredito que ninguém se predispõe a perder nada voluntariamente em tempo algum.
                              Mas muitas vezes nos anunciam e avisam que vão perder a paciência.
                              Alguém de vocês leitores já ouviram alguma pessoa anunciar antecipadamente que vai perder alguma coisa. Tipo: “hoje vou perder o meu paletó”; “hoje vou perder o meu guarda-chuva”; “hoje eu vou perder um amigo”; “hoje eu vou perder muito dinheiro”; “amanhã eu vou perder o meu carro”?
                             Com certeza a resposta é não. Mas tratando-se da paciência a resposta é sim.
                             É assim que somos. Conseguimos nos enganar, enganando os outros quando fazemos tais afirmativas de que perdemos a paciência.
                              Daí resulta que há muito tempo eu vivo procurando essa virtude de nome paciência para inseri-la em mim uma vez que não a encontro no seu estado latente. Lembram quando antes disse ter feito uma reciclagem dentro do meu coração e não a vi?
                              É verdade. Não encontrei dentro de mim essa maravilhosa virtude. Se eu tivesse paciência, certamente muitos dissabores teria evitado durante a minha vida. A falta de paciência nos causam estragos incomensuráveis.
                              Admiro muito as pessoas cordatas, que falam baixo e que são pacientes. Normalmente elas têm senso crítico, são dóceis, nos respeitam muito e se fazem respeitar. Exatamente por isso.
                              Importante lembrar: Quem tem paciência não saí por aí tocando sua trombeta aos quatro cantos pra mostrar que tem.
                             Portanto, antes de declarar a alguém que perdeu, que vais perder ou que estás perdendo a paciência, verifique primeiro se ela está contida dentro de ti. Se ela existe no teu coração e no teu espírito.
 
 
CLEMENTINO POETA E MÚSICO
Enviado por CLEMENTINO POETA E MÚSICO em 13/03/2011
Reeditado em 25/11/2011
Código do texto: T2845256
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