Elogio à Filosofia
Que não me venham os cientistas e sua arrogância catedrática querer se impor sobre a Filosofia, já que a própria academia é um processo posterior ao saber filosófico, vide a Grécia "Antiga" e suas escolas tradicionais, além de todo o processo de desenvolvimento intelectual ao longo da existência humana.
Desde antes da Grécia "Antiga", que alguns já ousaram atribuir, há tempos mais remotos, a gênese da Filosofia, mas salvo especulações, o berço até hoje consagrado seria de fato grego.
A Filosofia permitiu ao homem, ou será que o homem permitiu a Ela, ir além do mero empirismo, e que os materialistas fiquem restritos às suas críticas, pois mesmo eles não puderam deixar de admitir a importância da abstração, mesmo sendo alicerçada pela matéria, pois é condição do humano se sobrepor ao que há e perpetuar-se em uma perspectiva de devir, num processo cognitivo.
Muitas escolas surgiram por consequência da Filosofia, inclusive a própria Teologia se fundamenta nesse princípio.Mas como se fazer as distinções? O fato é que não se pretende restringir-se, com modelos que limitam a abrangência daquilo que somos e tornam ineficaz o ato criativo, pois a ciência que hoje levanta a "bandeira" do "pelo homem", entretanto, serve a fins outros em detrimento do ser(humano) e condicionam o saber científico a algo paupérrimo e subordinado, como bem disse Max Weber na obra "Ciência e Política: Duas Vocações".
Que surjam os filósofos de outrora, não mais estes mecânicos fadados ao repetismo catedrático, algo que surpreenda e não faça-nos retomar a crítica de Nietzsche sobre esse academicismo cretino e empolado.
Os "competentíssimos" de agora não conseguiram até hoje responder e nem progredir sem os saberes dos "antiquados", talvez pelo fato do objetivo das perguntas ser justamente não serem esgotadas, já que nunca encerram-se, devido a sua abrangência, o que nos coloca diante do papel filosófico de transmutar valores, além do processo de contrução epistêmica.
Que não venham os fingidos libertários(nesse epíteto encaixa o que Eric Hobsbawm chamou de "marxismo vulgar"), me dizer a respeito do ócio filosófico, como se dedicassem 24 horas ao trabalho braçal, pois parecem-me apenas hipócritas ociosos de fato e incompetentes para filosofar, assim, com sua síndrome de ressentidos, conforme Nietzsche expõe em sua "Genealogia da Moral", procuram apenas agredir aquilo que lhes parece responsável pela condição que eles mesmo corroboraram.
E que não me venham com o rigor acadêmico, comentar sobre a Filosofia não ser realista, quando a própria academia serve-se de coisas como hipóteses e conjecturas, que não passam de abstracionismo, que procura disfarçar-se em um fim que se promete "glorioso", quase assumindo uma falsa profecia, conforme seus rivais, os teólogos, com suas promessas do devir, pois os cientistas levantam a "bandeira do progresso" e desejam ir negando e prosseguindo até o dia em que não mais haverá a que recorrer, talvez com a chegada do último homem(vide Zaratustra de Nietzsche).
E quando me perguntarem o que me prova o que sou, qual meu diploma, eu direi: o meu próprio ser, ou pensam que o que sou estará condicionado a um mero papel impresso e comprado em uma academia fraudulenta do saber, pois não estou filósofo, mas sou filósofo.
O que me faz recoportar a uma passagem:
"Eu não sei nem arte, nem ciência; porém sou filósofo." (frase de Heráclides apud. MONTAIGNE,1961:114)
Referência Bibliográfica:
MONTAIGNE. Seleta dos Ensaios de Montaigne. tradução: J. M. De Toledo Malta. prefácio de Leo Vaz. Tomo I. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1961. (Coleção Rubáiyát)