Da dor da lembrança
Adentrei uma peça da casa que não eu não mais mantinha contato há anos.
Busquei nas caixas lacradas descobrir o conteúdo do seu interior.
Deparei-me com mais de dez anos de lembranças e memórias.
Encontrei algo escrito por alguém da minha estirpe.
O escrito está em papel de fax, razão pela qual está se apagando.
Razão pela qual se apagará.
Preferi transcrever sem revelar a assinatura, para não se perder no tempo.
E para não se perder de mim.
"Jerônimo !
Uma mensagem, duas ou três, dizem menos
do que o real pensamento que tenho para você
ter um progresso em sua caminhada pela
senda da existência.
Existe uma diferença muito grande entre fé
e convicção. Descubra qual é essa diferença
para, então, ser convicto sem perder a fé.
Não esqueça jamais que é obrigação do ser
humano conhecer sua história pessoal, desde
sua criação. É pré requisito para encontrar
o caminho da LUZ".
Me enxarcou de dor quando avistei outro escrito, dentro de um envelope: um cartão, na verdade. Escrito pelo bisavô. Há dez anos.
Por que será que tem que ser assim?
Sou dos que machucam os outros ou dos que amam os outros?
É eterna minha dúvida.
E tão presente essa dor.