Rumo a Canaã

“Ora, o Senhor disse à Abraão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.

E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma benção.

E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.”(Gn 12:1-3)

“E te darei a ti e à tua semente depois de ti a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão, e ser-lhes-ei o seu Deus.”(Gn 17:8)

A promessa de um filho à Abraão, após vinte e cinco anos de espera, finalmente se cumpriu. Vieram os filhos, vieram os filhos dos filhos. Anos decorridos, através de José, Deus conserva a semente a qual Ele escolheu, livrando-a da fome prenunciada. Assim habitou o povo de Israel no Egito, na terra de Gósen, separados dos demais.

Passada aquela geração, Israel multiplicou-se e fortaleceu-se sobremaneira ao passo que um novo rei levantou-se sobre o Egito. Este, pois, vendo que o povo de Deus crescia, temendo, suprimiu-os e impôs-lhes cargas. Porém, quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam na terra, de modo que os egípcios se enfadavam deles.

Neste contexto se inicia a obra de Deus na vida de um povo submetido e escravizado, mas que tinha em si algo que era irrevogável: A promessa de Deus.

Vejamos os passos rumo a tal promessa...

1.Ouse ouvir a voz de Deus

Ante à sofreguidão, à humilhação a que já eram expostos, Deus permite a Faraó atentar contra os filhos de Israel por meio de mais uma estratégia que visava dizimar, desanimar e enfraquecer o povo: Matar todos os filhos homens que nascessem. Sua primeira tentativa foi ordenando às parteiras das hebréias (as quais o nome de uma era Sifrá, e o nome da outra, Puá) que matassem os filhos na ocasião do parto, quando vissem que esses eram homens.

Assim diz o versículo dezessete do capítulo um do livro de Êxodo:

“As parteiras, porém, temeram a Deus e não fizeram como o rei do Egito lhes dissera; antes, conservavam os meninos com vida.”

Essas duas mulheres, Sifrá e Puá, nos deixam a primeira das lições, uma lição de temor. Havia duas escolhas: Temer a Faraó ou temer a Deus. Sim, elas temeram a Deus e Ele foi com a vida delas:

“Portanto, Deus fez bem às parteiras” (Ex 1:20a).

Da mesma forma nós, hoje, temos todos os dias de fazermos a escolha: Ouvir a voz do mundo ou ouvir a voz de Deus. E, muitas das vezes, ouvir a voz de Deus pode parecer um grande desafio, como com aquelas mulheres, pois rejeitaram a voz do próprio Faraó para não pecarem contra Deus. Mas não se engane: Ouvir a voz do Senhor dos Exércitos será sempre a escolha correta, ainda que através dela você venha a padecer, assim como o padeceram os profetas e anunciadores do evangelho, Deus será contigo e Ele mesmo trará a recompensa, a justiça, quando vier a julgar os povos. Jamais deixe, meu querido, jamais deixe de ouvi-la, ainda que para atender aos princípios dEle, você tenha que negar e rejeitar as coisas que parecem ser as mais difíceis e complicadas de serem negadas e rejeitadas. Afinal, é exatamente isso que Deus, o Senhor, busca daqueles que o amam e que o temem: Renúncia... Renúncia à qualquer coisa que se ponha por obstáculo entre o homem e a fidelidade. Renúncia do mundo e de si mesmo, de suas vontades, de seus medos, tudo. Ouse ouvir a voz de Deus.

2.O silêncio de Deus

Faraó não desistiu. A ordem desta vez foi mais clara e objetiva: “

“A todos os filhos que nascerem lançareis no rio, mas a todas as filhas guardareis com vida." (EX 1:22).

Por fim e aparentemente, a atitude das parteiras não havia exercido influência nos projetos de Faraó. Porém, entra em cena a provisão de Deus, oculta aos olhos humanos: Nascia um filho da casa Levi, da geração de Levi. Filho este que por três meses foi escondido e livrado da morte, mas que, não o podendo esconder mais a mãe, pô-lo numa arca de juncos à deriva em um rio.

Por mais que tudo parecesse estar se perdendo e por mais que parecesse aquele cesto estar sendo levado ao léu por águas inconstantes, tudo (eu repito, tudo) estava no controle dAquele que fez a promessa... Os planos de Deus iam-se cumprindo.

Meu caro, lembre-se disso: Que a obra de Deus muitas vezes faz-se no silêncio e em meio às contradições das circunstâncias.

O silêncio de Deus!... Lembro-me de que quando mais jovem, tinha eu o hábito de abrir a Bíblia aleatoriamente e buscar uma palavra que falasse comigo (o que também não defendo, pois de acordo com a primeira epístola de Pedro, capítulo primeiro, versículo vinte, “nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação”, e por conseguinte deve haver o discernimento e cuidado ao aplicar as Escrituras aos nossos corações...). Mas em determinado dia, e disso me lembro até hoje, abri a Bíblia esperando uma palavra... Quando a Bíblia foi aberta, se encontrou entre as páginas brancas que dividiam o Antigo e Novo Testamentos. Sim, aquilo falou de maneira especial ao meu coração e que tempos depois o pude comprovar: Através do Seu silêncio, Deus nos diz grandes coisas!

Aquele cesto foi encontrado pela filha de Faraó. Pela intervenção da irmã de Moisés, o menino pode ser criado ao lado de sua mãe, até que amadureceu.

3.A manifestação da injustiça

“E aconteceu que, sendo Moisés já grande, saiu a seus irmãos e atentou nas suas cargas; e viu que um varão egípcio feria a um varão hebreu, de seus irmãos.

E olhou a uma e a outra banda, e, vendo que ninguém ali havia, feriu ao egípcio, e escondeu-o na areia.” (Ex 2: 11-12).

“Ouvindo, pois, Faraó este caso, procurou matar a Moisés; mas Moisés fugiu de diante da face de Faraó, e habitou na terra de Midiã, e assentou-se junto a um poço.” (Ex 2:15).

Não podemos negar que houve no coração de Moisés, diante dos maltratos dos seus compatriotas, um sentimento de comiseração. No entanto, seu sentimento foi manifesto de forma errônea, fazendo justiça comas próprias mão.

“Minha é a vingança e a recompensa” (Dt 32:35a).

O corpo foi escondido na areia... para nada! O caso foi descoberto!... Isso é o que acontece quando fazemos justiça com as próprias mãos, pois o homem que exerce a injustiça sobre um injusto, jamais virá a manifestar justiça verdadeira... Por fim, a justiça um dia caíra também sobre nós! Esse é um momento propício para relembrar o ditado: “A mentira tem perna curta”.

Agora, a vingança de Moisés nada produziu de bom, e sim o fez fugir sem nenhuma demonstração de justiça...

“Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus” (Tg 1:20).

Não faça o que é certo da maneira errada! Não faça a obra de Deus às suas maneiras, ou com as suas manias, mas peça a Deus que lhe mostre a Sua vontade e os Seus meios para tudo o que for fazer! Tampouco reaja compensando o mal com o mal:

“Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” (Rom 12:21)

O amor vence o ódio... Diante da afronta do inimigo e da provocação maligna, vença com o bem Faça à maneira de Deus.

Talvez, então, alguém pode pensar: Isso não parece justo... Exatamente! Pois bem aventurado é o justo que sofre a injustiça...

“Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;

Bem aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa.

Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.” (Mt 5: 10-12).

“E estando prontos para vingar toda desobediência, quando for cumprida a vossa obediência.” (II Cor 10:6).

Os justos quando sofrem a injustiça, são bem aventurados.

4.A manifestação da humildade

Deus continuava a trabalhar... no silêncio! Quanto a Moisés, durante o tempo que estava em Midiã, casou-se com Zípora. Teve um filho chamado Gérson, e ocupou-se em apascentar o rebanho de seu sogro Jetro, sacerdote de Midiã.

O silêncio era aparente: Deus continuava a operar! Operava, agora, na vida de seu servo foragido... Atentemos para o fato de seu ofício: Apascentava ovelhas... Uma tarefa humilde (e até abominável para os egípcios) pela qual o Senhor começava a prepará-lo para ser um grande líder e instrumento divino para apascentar o povo Israelita!

Quem imaginaria que aquele apascentador de ovelhas estivesse nos planos de Deus? Quem sequer suspeitaria a grande obra que estava por ser realizada? Assim o Senhor faz.

Foi assim com Davi:

“Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a altura da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem. Pois o homem vê o que está adiante dos seus olhos, porém o Senhor olha para o coração.” (ISm 16:7).

E mais:

“Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes.

E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são;

para que nenhuma carne se glorie perante Ele.” (ICor 1:27-29).

Esse é o Deus que sirvo: Aquele que do pouco faz o muito, que dos cinco pães e dois peixinhos alimenta uma multidão inteira, que através de Gideão com seus trezentos homens dá a vitória sobre todos os midianitas, que do pó formou o homem e do pecadores fez um povo purificado e santificado para a glória, para o louvor do Seu santo nome.

Quesito indispensável para aquele que quer ser um servo do Senhor: Humildade! Uma das maiores e mais raras virtudes do ser humona. Seja humilde em tudo o que fizer. Deus é quem nos capacita. De nós, nada podemos fazer.

“Sem mim, nada podeis fazer.”

Ler Lc 14:8-11.

5.A manifestação de Deus

O rei do Egito morrera. Outro assumira o seu lugar. Mas o povo permanecia escravizado e o silêncio permanecia... até o versículo vinte e três de Êxodo, capítulo 2:

“E aconteceu, depois de muitos destes dias, morrendo o rei do Egito, que os filhos de Israel suspiraram por causa da servidão e clamaram; e o seu clamor subiu a Deus por causa de sua servidão. ”

Os filhos de Israel clamaram! Quando eles clamaram, o seu clamor chegou aos ouvidos do Senhor! Clame meu amado, clame a Deus. Pois é Ele quem te sara, é Ele quem te liberta e te dá a vitória. A oração de um justo pode muito em seus feitos... Nunca duvide do poder de um clamor. Jesus nos ensina sobre isso através de uma parábola em Lucas dezoito, versículos um ao oito. Aquela viúva pedia justiça ao juiz! O juiz era iníquo, não temendo a Deus, nem respeitando a homem algum. Esse, por um tempo ignorou aquela mulher, mas, de tanto insistir-lhe, enfadado, concedeu que a justiça foi feita a ela! Quanto mais Deus, aquele que nos criou e nos amou, atenderá ao nosso clamar e nos livrará!

Quando o povo se tornou para Deus, sua voz foi ouvida.

“Portanto, dize-lhes: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Tornai para mim, diz o Senhor dos exércitos, e eu tornarei para vós, diz o Senhor dos Exércitos.” (Zc 1:3).

Deus não está longe de nós. Nossos pecados nos distanciam, nós mesmos é quem nos distanciamos dEle e, apesar disso, Ele ainda nos fala: Tornai para mim! Não eram os filhos de Israel que esperavam por Deus, mas Deus quem estava esperando por eles...

Chegou o momento. As grandes maravilhas de Deus começariam a ser manifestadas.

Deus então aparece a moisés no monte Horebe através da sarça ardente, quando este apascentava as ovelhas de seu sogro.

Versículo sete de Êxodo três:

“E disse o Senhor: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores.”

Não se engane: Deus conhece as tuas dores e por mais que pense que não, sim, Ele ouve o teu clamor e a Seu tempo se manifestará.

6.Não fuja do chamado

Deus apareceu a Moisés, revelou que o enviaria para retirar Israel da servidão do Egito. Moisés, no entanto, reluta em obedecer ao chamado que lhe foi revelado. No capítulo três, vejamos os versículos onze e doze:

“Então, Moisés disse a Deus: Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?

E Deus disse: Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: quando houveres tirado este povo do Egito, servireis a Deus neste monte.”

Primeira desculpa e a Sua resposta: Quem sou eu? Deus lhe disse: Eu sou contigo!

Contudo, Moisés continuava a esquivar-se: Capítulo quatro, versículo um:

“Então, respondeu Moisés e disse: Mas eis que me não crerão, nem ouvirão a minha voz, porque dirão: O Senhor não te apareceu.”

A resposta a isso? A vara que tornava-se em serpente e a mão que tornava-se leprosa... Foi-lhe concedido poder.

Terceira desculpa e a Sua resposta: Versículo dez e doze:

“Então, disse Moisés ao Senhor: Ah! Senhor! Eu não sou homem eloquente, nem de ontem, nem de anteontem, nem ainda desde que tens falado ao teu servo; porque sou pesado de boca e pesado de língua.

E disse-lhe o Senhor: Quem fez a boca do homem? Ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor?

Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar.”

A quarta e última desculpa, a desculpa da teimosia e a Sua resposta. Vejamos do versículo treze ao quinze:

“Ele, porém, disse: Ah! Senhor! Envia por mão daquele a quem tu hás de enviar.

Então, se acendeu a ira do Senhor contra Moisés, e disse: Não é Arão, o levita, teu irmão? Eu sei que ele falará muito bem; e eis que ele também sai ao teu encontro; e, vendo-te, se alegrará em seu coração.

E tu lhe falarás e porás as palavras na sua boca; e Eu serei com a tua boca e com a sua boca, ensinando-vos o que haveis de fazer.”

Não fuja da obra de Deus, porque por mais que você se sinta incapaz e indigno para realizá-la, realmente, você e eu não somos ninguém para realizar a obra para a qual Deus nos chama; mas Deus disse: Certamente eu serei contigo! E essa é a questão que faz toda a diferença nas nossas vidas: Com Cristo ao Teu lado, você é alguém para realizar Sua obra. Ele te dá poder, autoridade, capacidade, força! Como bem se diz: “Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos.” Ele é quem chama as coisas que não são como se já fossem.

Moisés começava a aprender a não mais fugir...

7.O preço da fidelidade

Obedecendo a voz do Senhor, Moisés retorna, se encontra com Arão e, posteriormente, chegam aos filhos de Israel, reunindo os anciãos dos povo. Arão fala todas as palavras que o Senhor falara a Moisés e fez os sinais perante os olhos do povo... O povo creu, inclinou-se, e adorou.

Ainda obedecendo a Sua voz, foram ao rei do Egito, a Faraó, a dizer-lhe as palavras de libertação...

Tais palavras não só foram rejeitadas, como o povo foi apertado em seus trabalhos de escravidão! O que parecia um bem, agravou ainda mais a condição em que estavam!

Esse é o preço que muitas vezes o fiel terá de pagar. Nunca espere que por ouvir a voz de Deus você tenha do mundo a bonança, honrarias ou reconhecimento. Antes, espere a perseguição, a afronta e o desprezo. Lembre-se das palavras de Jesus:

“Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardarem a minha palavra, também guardarão a vossa.

Mas tudo isso vos farão por causa do meu Nome, porque não conhecem Aquele que me enviou.” (Jo 15:20-21).

Esteja disposto a pagar o preço. Tenha a certeza, porém, que o tempo da recompensa virá.

8. Os planos de Deus

Faraó não os ouviu... as pragas vieram, uma a uma, até à morte dos primogênitos, quando foram feridos no Egito todos os primogênitos das casas em que não havia o sangue do cordeiro espargido nas ombreiras e na verga da porta. A recompensa chegou. Israel foi liberto, com grandes manifestações do poder de Deus. O juízo estava sendo feito: As pragas acometeram aqueles que os afligiam. Israel, pelo contrário, permaneceu intacto. Saíram despojando os egípcios e vendo as palavras de Deus se cumprindo, tendo instituídas as celebrações da Páscoa e da Festa dos pães Asmos, em memória do seu livramento e, numa visão mais abrangente, prefigurando o Cordeiro de Deus, Jesus, que através do Seu sangue nos deu a vida e a libertação do pecado.

Deus cumpre o que diz! Deus não é homem para que minta! Suas palavras são verdadeiras e fiéis, mesmo quando somos infiéis, Ele permanece fiel!

“E o Senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo, para os alumiar, para que caminhassem de dia e de noite.” (Ex 13:21).

Deus agora os chamava para caminhada! Longa é a jornada. Deus te chama a caminhar continuadamente, sem interrupção, e não somente te chama, como vai adiante de ti para isto mesmo: “Para que caminhe de dia e de noite”. Caminhando na Sua direção, nos Seus planos.

Após a caminhada, acampou a multidão diante de Pi-Hairote, entre Migdol e o mar, diante de Baal-Zefrom.

“E, chegando Faraó, os filhos de Israel levantaram seus olhos, e eis que os egípcios vinham atrás deles, e temeram muito; então, os filhos de Israel clamaram ao Senhor.

E disseram a Moisés: Não havia sepulcros no Egito, para nos tirares de lá, para que morramos neste deserto? Por que nos fizeste isto, que nos tens tirado do Egito?

Não é esta a palavra que te temos falado no Egito, dizendo: Deixa-nos, que sirvamos aos egípcios? Pois que melhor nos fora servir aos egípcios do que morrermos no deserto.” (Ex 14:10-12).

Diante da ameaça dos egípcios que se arrependem e tornam-se para persegui-los, o povo teme... e clama, e murmura! Não haviam entendido os planos de Deus, temendo a morte (sendo que o Dono da vida estava ao seu lado), imaginando que melhor seria estar escravo do inimigo!

Analisemos. Primeiro: Deus lá os levara para que não desanimassem. Tornemos ao capítulo treze, versículo dezessete para conferir algo muito importante sobre isso:

“E aconteceu que, quando Faraó deixou ir o povo, Deus não os levou pelo caminho da terra dos filisteus, que estava mais perto; porque Deus disse: Para que, porventura, o povo não se arrependa, vendo a guerra, e tornem ao Egito.”

O caminho pelo qual Deus te guia, nem sempre será o mais fácil. Ele te guia não pelo menor caminho, mas pelo melhor caminho! E glórias a Deus por isso.

Tornemos, pois, ao povo encurralado e temeroso. Por que, depois de tanto andar e depois de tantas maravilhas operadas, foram eles levados não somente ao caminho mais longo, como também à um beco sem saída?

Atente para isto: Deus trabalha na morte da visão como meio de aguçar a audição. Deus deseja de ti uma entrega total. Para isso, muitas vezes nossos olhos se escurecem, nossa esperança se perde... Mas tudo isso, para que assim possamos ouvir a voz do Senhor.

Entender os planos de Deus, significa muitas vezes não entendê-los, mas simplesmente segui-los.

9. Marche

O povo havia clamado... Versículo 15 do capítulo quatorze:

“Então, disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem.”

Chega a hora em que não basta clamar! Marche, marche na direção que Deus lhe mostra, mesmo que a tua frente se ponha um imenso montão de águas, eu te digo que se o Senhor te manda marchar, esteja certo de que o Anjo de Deus colocar-se-á entre ti e aqueles que te perseguem e a tua frente Ele fenderá um imenso mar pelo qual passarás a seco. Este mesmo mar se fechará e engolirá os teus opressores.

“E tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo maio do mar em seco.” (Ex 14:16).

10. Deus te chama ao deserto

A vitória veio! O mar foi atravessado e a servidão ficara para trás. O nome de Deus foi engrandecido. E agora? Os olhos se voltam para o que está a sua frente: O deserto. Canaã não era ali. A promessa estava adiante. A maior prova ainda estava por vir.

Deus, meu querido, te chama ao deserto. Há um caminho a percorrer e um deserto a atravessar.

Pode ser que, depois de uma grande vitória, imaginemos chegar enfim ao descanso e, quando nos deparamos, nos vemos na sequidão, numa luta que atravessa o horizonte, um desafio de superar a própria fraqueza humana e simplesmente andar, andar em direção ao foco.

11. Não perca o foco

O tempo se passou. Muitos, apesar de verem as manifestações de Deus, caíram prostrados no deserto, desanimaram, se entregaram à fé pagã, se esqueceram do seu Libertador.

Não perca o foco. Aqueles homens que caíram certamente caíram porque não estavam focados em Deus! O foco não era Canaã! Seus corações estavam na promessa, na vaidade da vida e por isso, logo que se viram em meio ao deserto, renderam-se e desistiram, se esquecendo de que maior do que a promessa que lhes aguardava, o próprio Deus, o Senhor dos Exércitos, o Deus supremo, vivo, e santo estava presente no meio daquele povo, os livrando e os guiando.

O foco é Jesus! Não importa o que aconteça ao seu redor: Jesus continuará o mesmo, e Ele continuará ao lado daqueles que o servem. Meu foco não é ter uma casa, meu foco não é ter uma família, meu foco não é conseguir um bom emprego, não é ver uma igreja repleta, não é ser feliz! Não se assuste pelo que digo. Sim, o foco não é a minha felicidade, você entende isso? Nesse mundo capitalista, frio e individualista em que vivemos, pensamos estar realizados quando conquistamos riquezas, amigos, cargos, e tantas outras coisas... mas esquecemos o principal: Fomos criados para louvor do nome do Senhor e, toda vez que não fazemos isso, perdemos o sentido de nossa existência. Meu foco é servir a Deus, é caminhar não porque uma terra que mana leite e mel me aguarda, mas porque o amo! Eu amo ao Senhor Jesus e isso porque Ele me amou primeiro!

12. Não esqueça o amor

Décima segunda e última lição: Amor, essa é a essência. Aquele que O ama, guarda os seus mandamentos; aquele que O ama, abre mão do que for preciso, atravessa desertos, transpõe as barreiras, mortificando as obras da carne e cada dia mais deixando em si refulgir a luz de Cristo Jesus, autor e consumador da nossa fé.

Deus é amor! A essência da lei é o amor. A razão de eu e você existirmos foi o amor. A razão pela qual Cristo se entregou na cruz é a prova mais viva e profunda do amor! Peça que Deus te capacite a amar tanto a Deus como a ti mesmo e ao teu próximo, e que assim busque, entenda, e cumpra os Seus desígnios.

Para finalizar, gostaria de compartilhar deste texto de ICor 13:1-7:

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria.

E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria.

A caridade é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; a caridade não trata com leviandade, não se ensoberbece,

não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;

não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;

tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

“Se hoje ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração”.

Edmond Conrado de Albuquerque
Enviado por Edmond Conrado de Albuquerque em 28/01/2010
Reeditado em 29/01/2010
Código do texto: T2056003
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.