TEMPO, POR FAVOR.

Não parece que foi ontem. Nem antes de ontem. Mas posso ver longínquo, o tempo lúcido brincando com minha exilada infância.

Posso ainda, mergulhar rasante nas reminiscências das viscissitudes que predominaram na minha sôfrega e fugaz mocidade.

Posso sentir nitidamente, entretanto, o aroma delicioso das manhãs que rondam minha velhice.

Posso sobretudo, farejar a suave fragrância das noites que espreitam minha partida.

E aqui estou!

Cheguei aos CINQUENTA!

Acho que jamais saberei porque permitiram-me chegar há tanto. Principalmente, porque andei brigando por aí:

Briguei com meu anjo guardião, com o destino e com a sorte.

Com a morte, me desentendi.

Contudo, não mais brigarei. Fizemos um trato e estamos em paz.

Puxa! Estou aqui!

Agora é só colher o fruto do passado e plantar a semente do presente, Que germinará no futuro.

Aí, então, haverá uma salutar e farta colheita para quem vier, para quem estiver.

Obrigado, senhor!

Permita-me prosseguir...

Francisco Piedade

1956 - 2006