FENÔMENO
Vocês até podem me achar conservador, mas confesso que fiquei decepcionado: um dos meus ídolos do futebol, artífice do pentacampeonato mundial, parece que, de algum modo, desbundou. A imprensa internacional repercute o impressionante episódio num motel de terceira, no Rio de Janeiro - terra das deslumbrantes estrelas “globais” - e que acabou em delegacia, envolvendo Ronaldinho, tóxico e três - sim, eu escrevi três - travestis de péssimo acabamento, se é que existe algum passível de menção honrosa. Se fosse gay assumido, tudo bem, cada macaco no seu galho. O cara foi galã de lindas mulheres e até se casou num castelo deslumbrante na França com uma das musas da televisão nacional. Tido e havido como grande galo. Rico, famoso, solteiro, em forma física, vive como se fosse dono do mundo, como toda celebridade. Tem o que quer, na hora desejada, inclusive grande admiração da mídia. Eu próprio bato palmas para seus gloriosos feitos como atleta. Não quero prejulgar, mas é inaceitável que tal personalidade pública, modelo da garotada, tenha sucumbido a tão desatinada e tenebrosa volúpia. Mesmo achando que fossem mulheres – sem ofensa ao sexo oposto - e que tenha ocorrido tentativa de chantagem, o fato de mergulhar até o fundo desse submundo é decepcionante, já que a vida lhe concedeu tantas benesses. A gente compreende quando um homem - ou uma mulher – perde a cabeça por pessoa sedutora ou em situação de carência. É do jogo. A gente também acolhe a gandaia. Não se trata de moralismo. Mas um cara jovem e com a conta bancária bufando não pode enredar-se assim, com três travestis de beira de calçada. Agora sim é que vai ter de mostrar que é craque, driblando a gozação e a vergonha. Fenômeno no futebol, Ronaldinho talvez tenha sido fenomenal com seu time de ocasião naquele motel fuleiro. Melhor seria se, em vez disso, estivesse até agora plantado à porta de alguma Raica ou Cicareli, mas gosto não se discute.