REFRAÇÃO DE PENSAMENTOS

Sou homem, fera, fogo, bala, muro e duro. Sou fel, amargo e intragável. Sou escuro, solidão, sou morte, mas dentro da morte sei que sou vida. Sou céu, sou caminho, futuro, o novo que chega e o velho que vai, sou a cicatriz viva do que me disse ontem, ainda sim, duro, mas não me desmancho com palavras quais queres, fundamento, solidifico e aprumo meu pensar acima do sol, junto ao brilho do astro rei, corto à velocidade da luz, tudo aquilo que sei e aprendi. Tudo que sinto e penso em forma de luz, se faz refração no cristal frágil da vida, fazendo o obstáculo duro e frágil, secar e apurar a vida em belas cores, um perfeito arco Iris, que é verdade, tem o pote de ouro em seu final. Não vislumbro a riqueza que talvez me aguarde, quero deslizar meu olhar por cada cor desta vida, quero saciar minha sede na garoa que cai leve e perfeitamente simétrica com todos meus sonhos. Duas faces, dois pensamentos, morte e vida, o coração e seus dois lados, dualidade absoluta que se torna única, fundida quando filtrada pelo prisma da verdade pura, a vida em sua plenitude que bate mais forte que qualquer coração pode bater, isso sim, nos faz sentir que somos capazes de ir alem das estradas, que o belo horizonte que se estende como tapete de chegada, não passa de dois passos a frente, e que ainda podemos correr o universo encantando, e respirando a magia da vida. O fogo que aquece o frio da barriga e dá força e coragem ao comum, e torna o branco da parede, tela para nova historia a se viver. Somos mais leves que isso, os grilhões que prendem estes calcanhares, são para Aquiles, os meus, não me serviram, afinal, a muito que uso sandálias de mercúrio, e tenho velocidade em meu querer, em meu amar, em meu viver, inverto a morte e faço vida, minhas palavras, brotam a claridade e fecundam a terra em que piso firme e determinado. Que o universo trema com minha existência, minhas pegadas germinarão novos caminhos, infinitamente cheio de maravilhas e vida, vida que nasce dentro da vida, morte que se faz inicio de outra vida, ciclicamente perfeito, deixo de observar o final para dar novos passos em busca de outros começos.