UMA VIAGEM FANTÁSTICA
Essa viagem fantástica começou em Parati.
E eu estava ali observando o calmo mar da lagoa do Pontal,
quando resolvi recostar a cadeira de praia.
Então, quando me vi em paralelo ao céu, me imaginei, de brincadeira,
tripulando uma nave espacial.
Meu diário de bordo foi escrito assim:
“O subir não me enjoa. O mais à-toa que posso,
repasso o olhar no que fica.
Um mundo que se apequena.
Não vejo bilhões de seres a disputar poderes.
Uma serpente em pedra, sim, eu vejo. Parece ser chinesa.
Vejo também um verde amazônico.Um azul oceânico.
Um branco monogâmico.
Traspasso risonho o buraco de ozônio.
A altitude cria um vácuo entre o riso e o sonho.
Mas ainda há uma vasta manta de gás a proteger epidermes.
A velocidade é encantadora, e o meu planeta azula,
atolado em seus mares, em seus bares, em seus lares.
Atolado em si mesmo.
Há uma poluição de satélites. Peões silenciosos.
Vejo um lixo espacial não descartável,
mas não vejo corvos.
A nave percorre um itinerário qualquer.
E o paraíso, que direção terá? Acima, posso esbarrar no teto do céu.
Abaixo, mergulhar em umbrais. À frente, como acima e abaixo,
ao buscar o bíblico, só encontro alergia de poeira cósmica.”
Ao retornar e abrir os olhos, entendi que não seria possível, sem mapa,
encontrar o paraíso ou o inferno. Fora da Terra.