DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES

Se hoje temos de reconhecer o enorme valor da mulher por suas lutas e conquistas, o que se pode dizer das operárias da fábrica de tecidos de Nova York, que se rebelaram contra as más condições de trabalho, em 1857, organizaram uma greve e foram massacradas pela polícia (supostamente encerradas e queimadas dentro da fábrica)? Não é por nada que, hoje, são onipresentes, como garis, na Suprema Corte, no Governo dos Estados, na família, nos negócios e liberando-se no delicado campo da sexualidade humana, a despeito das resistências machistas tradicionais, cada vez menos eficazes e mais anêmicas. Meu bisavô nem acreditaria, meu avô ficaria espantado e meu pai contrariado, para dizer o mínimo. Não é para menos, as transformações foram enormes. Até o Código Eleitoral de 1932 e a Carta Constitucional de 1934, mulher não tinha direito a voto, o que deixa claro que o conceito de "povo" era ridículo, absolutamente irreal, e que a mulher era, no máximo, a "rainha do lar", mas de nula expressão cívica. Há algum tempo, li que aumentou em 36% o número de mulheres que se casa com homens mais novos na última década. Diferenças de idade que, seguidamente, chegam a 20 anos ou mais. Bem, nunca acreditei que idade fosse "documento" ainda que, ao contrário, idade seja só e tão-somente documento. Amor e sexo são a própria essência da liberdade humana, tanto quanto pensar, expressar idéias, ir-e-vir, dançar um tango ou lambuzar-se com um sorvete italiano. É questão que já está sendo ultrapassada pela modernidade, tanto quanto preconceitos de raça, cor e religião, a despeito da lamentável existência de muitos espaços e ações obscurantistas. Persistem barreiras e diferenças, dominação, prepotência e abuso, mas é irrefreável o movimento de mudança e transformação. A moda é ser livre, leve e solto, com certos exageros eventuais para o meu gosto. Acho uma beleza todo este processo de redenção da mulher e por isto é de se comemorar o seu dia, com admiração e respeito. Quando a gente é casado, tem filha, lembra da mãe, da irmã, da avó e não pode deixar de ser profundamente solidário. O importante, afinal, é que todas continuem maravilhosas como são - na exuberância da feminilidade - e que nos prefiram, porque também isto não tem acontecido esmagadoramente, talvez por nossa própria culpa cultural e histórica. Mas, de um jeito ou de outro, merecem um brinde especial no dia 08 de março.

José Pedro Mattos Conceição
Enviado por José Pedro Mattos Conceição em 08/03/2008
Reeditado em 07/03/2019
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