9 de março... Dia da Mulher... II

Olhos fechados, cabeça recostada no antebraço na janela do carro, a caminho do trabalho... deixa o vento despentear o cabelo, deixa o sol queimar mesmo tendo esquecido o protetor solar...

_ Com sono?

_ Não, cansada...

Se perguntasse de que...

De tudo, da vida.

De ter que usar um sapato desconfortável para parecer mais bonita por fora, sendo que por dentro, tudo sangra, tudo amarga...

De esboçar um sorriso de bom dia ou boa tarde e, por dentro, um rio de lágrimas, que sangra.

De ouvir tantas amigas no decorrer do dia e, no fundo, ter como maior companheira, a solidão.

De ter que esforçar para se enganar que é perfeita sabendo que não é.

De cobrar e ser cobrada

De ter que saber da cotação do dólar, dos preços do combustível, do que falta na geladeira, do que vai cair no concurso e não saber o que dizer quando o filho pede para ficar em casa com ele... só para dormir, só para um colo...

De ter que saber consolar o companheiro nos momentos difíceis mas ser incapaz de demonstrar o que machuca por dentro.

De querer mandar o chefe para aquele lugar e não poder porque precisa trabalhar ...

De lembrar de perguntar para a mãe, para a prima, para a cunhada, para amiga se os problemas delas se resolveram, sendo que o seu não.

De terminar um relatório complicado mesmo com a cabeça nas nuvens...

De ter que driblar uma TPM para ninguém perceber.

De tomar remédio para dor de cabeça, pra cólica, enjôo de avião, pra inibir o apetite e não tomar remédio pra stress porque não tem.

De caminhar como se estivesse correndo sendo que coração e a mente estão a dez quilômetros por hora...

De buscar uma realização não sei de quê...

De não esquecer do xampu anti-resíduos, da depilação, de uma meia-calça a mais na bolsa, do anticoncepcional, do protetor solar, do creme rejuvenescedor a noite, das frutas da dieta, do desodorante que não manche a blusa, de recarregar o celular e o cartão de aniversário de um amigo por e-mail.

De esperar um momento propício para qualquer coisa, pra uma mudança, uma surpresa boa...

É... melhor não perguntar de quê, nem por quê...

E me perdoem os erros de português também.

Liz Hardt
Enviado por Liz Hardt em 05/03/2008
Código do texto: T888261