F.A.L Fuzil Automático Leve
Para entender: Esta crônica foi elaborada quando ocorreu o roubo dos fuzis do exército brasileiro no Rio de Janeiro.
F A L – Fuzil Automático Leve. Fuzil, sim. Automático, quase. Leve, nada. Muito pesado. Começa no peso que cada soldado carrega no ombro. E na consciência também. Na consciência sim. Ao menos se fosse soldado brasileiro, nestas circunstancias, sim, teria vergonha de servir ao país. Porque, eu respondo. O exercito que deveria nos defender gratuitamente, por moral, por ética e por decência, hoje esta nas ruas, nas favelas, tomando morros e vielas, revistando moradores e mostrando que são sim os verdadeiros donos do pedaço. Essa insustentável leveza de ser, me incomoda, incomoda porque dizem que estão tomando conta do povo. Dos cidadãos e sim, de nos contribuintes. Mas na verdade, esta mascara de mocinhos esconde algo que em particular me irrita profundamente. Esconde sim, o egoísmo e a incompetência de quem passou a vergonha de ser roubado debaixo de seu nariz, não que isso não seja comum, e que não estamos acostumados, nós, o povo, brasileiros, acostumados a sermos lesados, bem debaixo dos nosso narizes. Mas , já o governo, o exercito, não, eles não, querem mostrar que ali ninguém mexe. E é pro isso que estão nas ruas, para defender sua imagem, de intocáveis. È triste que vejamos isso, ao invés de terem tomados as ruas a tempos, para mostrar aos bandidos que o povo não quer trafico, não quer roubo, não quer injustiça ou violência, foram as ruas para mostrar que com eles, não tem brincadeiras, e que em seus brinquedinhos, ninguém toca. Dizem que vão ficar ali, ate a brincadeira de esconde-esconde parar. Ou ate quem sabe, o prejuízo do trafico resolver entregar os bandidos que roubaram nossos santos protetores. O motivo é simples, os bandidos vão perceber que bandido que rouba bandido, não , não tem 100 anos de perdão. Digo bandidos, não porque roubam dinheiro, ou nossas conquistas materiais. Mas porque roubam nossa dignidade e esperança. Esperança de ter um santo protetor, que nos proteja incondicionalmente, sem esperar que os toquem. Que nos defenda da violência e tomem o controle do mal, só para mostrar o que é o bem. E que este bem, se faz todos os dias, e não quando tocam em suas feridas. E enquanto isso, as nossas, ficarão abertas. Abertas e expostas a quem quer que passe, e veja, que quem nos defende, são uma forca narcisista e vaidosa. Que depois de mostrarem quem realmente manda no pedaço e terem seus brinquedos tomados de volta. Vão voltar para casa, satisfeitos, como se nada tivesse acontecido, e esquecer que naquele morro e naquelas vielas, ainda vão existir cidadãos como eu e você, acuados pelo trafico, pela violência e pela vida de quem não tem um santo protetor para defender do verdadeiro perigo. E o que nos resta, então, é torcer para que não encontrem seus brinquedos, e fiquem por ali. Afinal, não é o ideal, mas já serve para muita coisa. Como o marido que trai e esposa, e volta para casa com flores e doces nas mãos. Não que adiante, mas a esposa traída, nem sabe o verdadeiro motivo, mas fica satisfeita com as flores e doces que ganham, e assim, todos ficam felizes. Amem. E que dure enquanto seja infinito.